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BCE pede que líderes europeus adotem plano de reativação econômica

16/07/2020 12h45

Frankfurt am Main, 16 Jul 2020 (AFP) - O Banco Central Europeu (BCE) pediu, nesta quinta-feira (16), aos líderes europeus que alcancem rapidamente um acordo sobre o ambicioso plano de reativação econômica para lidar com o impacto da pandemia de coronavírus, na véspera de uma cúpula da União Europeia (UE).

Os líderes europeus se reúnem na sexta-feira e no sábado em Bruxelas para tentar aprovar o plano de 750 bilhões de euros (840 bilhões de dólares), um projeto que gera divisões.

"É importante que os líderes europeus alcancem um acordo rapidamente para um pacote ambicioso, declarou a chefe do BCE, Christine Lagarde em coletiva de imprensa virtual ao final da última reunião da cúpula diretiva da instituição antes das férias.

"Todos os anúncios políticos deveriam visar o apoio às pessoas" que sofrem os efeitos da pandemia, acrescentou a responsável.

Lagarde expressou seu apoio ao pacote apresentado pela Comissão Europeia e que será apresentado na cúpula.

A presidente do BCE considera que o referido plano deve consistir em um pacote de "subsídios" muito superior ao de créditos. Também exortou os países relutantes, como Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca, que preferem conceder créditos reembolsáveis em vez de doações.

Nesta quinta, o BCE manteve inalterada sua política monetária anti-crise na zona do euro, na expectativa das decisões dos líderes europeus para enfrentar o impacto econômico do coronavírus.

Para apoiar Estados, bancos e empresas, o BCE confirmou após reunião de sua instância dirigente que continuará a aplicar seu "programa de emergência" de recompra de dívida nos mercados (PEPP), enquanto os efeitos da pandemia persistirem.

Este programa de apoio à economia equivale a 1,3 trilhão de euros e deve durar até junho de 2021.

Sem surpresa, a principal taxa de juros do BCE foi mantida em zero para os refinanciamentos bancários e em -0,50% sobre uma fração dos depósitos no banco central.

O BCE também confirmou que reinvestirá os títulos participantes do PEPP até o vencimento em 2022, uma medida para gerenciar melhor esse estoque de ativos a longo prazo, como já está fazendo no programa "QE" de compras de ativos implementado em 2015.

Este programa foi confirmado a uma taxa de 20 bilhões de euros por mês, aos quais são adicionados 120 bilhões de euros que serão comprometidos em 2020.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) também pediu, na quarta-feira à noite, aos governos que mantenham os bolsos abertos para ajudar empresas e trabalhadores, apesar do risco de explosão da dívida.

"Nesta fase da crise, o custo de uma retirada prematura das medidas seria maior do que o do apoio contínuo onde é necessário", disse a diretora-gerente, Kristalina Georgieva.

Um pacote de estímulo europeu "eficaz" poderia "aliviar parte da responsabilidade do BCE em relação aos países da zona do euro" em dificuldades, estimou nesta quinta Friedrich Heinemann, economista do instituto alemão ZEW.

No entanto, esse plano desperta relutância de vários países chamados "frugais" do norte da Europa, hostil à ideia de subsidiar os Estados carentes, principalmente Itália, por meio de uma mutualização da dívida.

O BCE decidiu agir diante do colapso do PIB na zona do euro esperado para este ano, de 8,7%, seguido por um crescimento de 5,2% no próximo ano.

Mas a pandemia continua a se espalhar pelo mundo e até na Europa, onde o pior parecia ter passado, crescem os temores de uma segunda onda de contaminação.

Medidas localizadas de reconfinamento foram decididas em vários países, como na Espanha e Portugal. E a Alemanha deve decidir nesta quinta reforçar seu arsenal de medidas diante do risco de uma segunda onda.

Neste contexto, a economia europeia continua parcialmente paralisada. A produção na zona do euro permanece bem abaixo de seus níveis pré-crise, apesar da recuperação do consumo, mantendo a inflação em um nível muito abaixo do que o BCE deseja.

A taxa em ritmo anual subiu levemente a 0,3% em junho, mas permanece longe do nível desejado pelo BCE de quase 2%.

Além disso, o FMI instou na quarta-feira os bancos centrais a continuar no caminho das taxas mínimas.

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