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Credores rejeitam novamente oferta de swap da dívida argentina

28/07/2020 15h55

Buenos Aires, 28 Jul 2020 (AFP) - Três grupos de credores rejeitaram novamente a proposta argentina de reestruturar a dívida por US$ 66 bilhões e alertaram que podem bloquear a negociação, em carta enviada ao ministro da Economia, Martín Guzmán, uma semana antes do prazo para aderir ao swap.

O governo Alberto Fernández reiterou que sua oferta apresentada aos credores privados em 6 de julho é a final.

No entanto, Guzmán admitiu no sábado sua disposição de fazer alterações nos "instrumentos contratuais" previstos no swap.

Na carta, assinada por 30 fundos e entregue à meia-noite de segunda-feira, os credores afirmam representar "60% dos títulos cambiais e 51% dos títulos globais em circulação", o que lhes daria poder para bloquear a reestruturação.

Os grupos Exchange Bondholder, Ad Hoc e Argentina Creditor Committee já haviam expressado na segunda-feira da semana passada sua rejeição à oferta que tem prazo até 4 de agosto.

Sobre a eventualidade de esse prazo ser prorrogado, uma fonte do governo disse à AFP na terça-feira que "não está descartada, mas não está definida".

"Está dentro das regras do possível, mas não foi decidido", afirmou.

- "Ninguém vai nos quebrar" -A carta menciona que "os detentores de fundos incluem alguns dos maiores investidores da Argentina, que comprometeram investimentos estrangeiros diretos significativos no país".

"Estamos confiantes de que uma resolução consensual abrirá caminho para investimentos ainda maiores e mais sustentáveis nos setores de crescimento da Argentina, incluindo agronegócios, energia, mineração, infraestrutura e tecnologia da informação e um futuro econômico brilhante e sustentável para o povo da Argentina", disseram os credores.

A oferta atual da Argentina oferece pagar uma média de US$ 53,5 por cada US$ 100 emprestados, em comparação com a anterior que oferecia US$ 39 para cada 100 e foi rejeitada em maio. Os fundos, entretanto, querem um valor médio de US$ 56,5 por US$ 100.

Na última proposta formal, o período de carência sem pagamentos foi reduzido de três anos para um, e a Argentina começaria a honrar os vencimentos em setembro de 2021.

Os credores solicitaram que esse período fosse ainda mais reduzido, para setembro deste ano.

"Ninguém vai nos quebrar", insistiu o presidente Fernández nesta terça-feira sobre a oferta que a Argentina pode fazer.

A dívida pública da Argentina é de cerca de 324 bilhões de dólares, quase 90% do Produto Interno Bruto.

A Argentina ainda precisa enfrentar a dívida emitida em dólares sob a legislação local e contraída com organizações internacionais.

A negociação é realizada em meio à pandemia que piora o cenário da economia argentina, em recessão desde 2018 e com mais de um terço de seus 44 milhões de habitantes em situação de pobreza.

ls-nn/ll/cc