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Nigeriana e sul-coreana disputam vaga de 1ª mulher no comando da OMC

Sede da OMC em Genebra - DENIS BALIBOUSE
Sede da OMC em Genebra Imagem: DENIS BALIBOUSE

08/10/2020 09h56

Genebra, 8 Out 2020 (AFP) - Duas mulheres, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala e a sul-coreana Yoo Myung-hee, são as candidatas finalistas na disputa pela direção geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), anunciou nesta quinta-feira (8) a instituição, que até hoje foi comandada apenas por homens.

Os dois nomes foram anunciados oficialmente pelo porta-voz da OMC, Keith Rockwell, na sede da organização em Genebra.

A organização se encontra mergulhada em uma crise, devido, em parte, aos ataques do governo do presidente americano, Donald Trump.

A terceira rodada de debates entre as duas finalistas acontecerá em 19, ou 27 de outubro, "para dar tempo aos membros", disse Rockwell, explicando que o processo ainda está em curso para obter um consenso até a data-limite de 7 de novembro.

Liam Fox, ex-ministro do Comércio Exterior britânico pró-Brexit, a queniana Amina Mohamed e o saudita Mohammed Al-Tuwaijri retiraram suas candidaturas, seguindo a tradição.

- Experiência -Ngozi Okonjo-Iweala, de 66 anos, foi a primeira mulher de seu país a comandar os Ministérios das Finanças e das Relações Exteriores. Ela é formada em Economia e também foi diretora de Operações do Banco Mundial.

Até recentemente, ela também presidiu a Aliança Global para Imunização e Vacinação (GAVI, na sigla em inglês) e liderou um dos programas da Organização Mundial da Saúde (OMS) de luta contra a covid-19.

Yoo Myung-hee, de 53, é a primeira mulher de seu país a dirigir o Ministério do Comércio.

Em 1995, assumiu as questões da OMC nesta pasta e, depois, coordenou as negociações sobre acordos de livre-comércio, em particular o pacto entre China e Coreia do Sul. Também trabalhou na embaixada da Coreia do Sul na China (2007-2010).

A vencedora será designada na rodada final de negociações, que deve terminar em 6 de novembro, e sucederá a Roberto Azevêdo. O brasileiro deixou a OMC em agosto, um ano antes do previsto, por motivos familiares, em meio a uma crise econômica mundial.

A próxima diretora da instituição terá de trabalhar em um contexto de crise econômica, além de uma crise de confiança no multilateralismo e na validade da liberalização do comércio mundial.

E tudo isso com uma guerra comercial entre as duas principais potências econômicas do mundo, China e Estados Unidos.

"É óbvio que quem conseguir o cargo terá muito o que fazer a partir do primeiro dia de trabalho", reconheceu o porta-voz da OMC.

Washington afirma que foi tratada "injustamente" pela OMC e ameaça abandonar a organização, da qual exige uma reforma. Desde dezembro, o governo americano paralisa o órgão de solução de conflitos da instituição.

Essa situação pode mudar com o resultado da eleição presidencial de 3 de novembro nos Estados Unidos, caso Trump seja derrotado pelo rival democrata Joe Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama durante oito anos.

Frágil recuperação do comércio mundial

Na terça-feira (6), a OMC publicou novas previsões que mostram que o comércio mundial —uma das principais vítimas econômicas da pandemia da covid-19— está menos enfermo do que se esperava inicialmente, mas destacou que a recuperação será muito mais frágil do que a organização imaginava em abril passado.

A OMC aponta que o comércio internacional registrará queda de 9,2% em volume este ano, contra a previsão de 12,9% em abril.

Para 2021, a organização espera um aumento de 7,2%, contra 21,3% nas estimativas anunciadas há seis meses.

A OMC advertiu ainda para os riscos de queda vinculados aos surtos de covid-19 em algumas regiões, os quais poderão forçar o retorno de medidas de confinamento.