Divergências persistem na reta final das negociações pós-Brexit
Bruxelas, 7 dez 2020 (AFP) - As negociações entre União Europeia (UE) e Reino Unido por um acordo pós-Brexit se aproximavam das horas decisivas desta segunda-feira(7), em meio a divergências persistentes, o que aumenta o temor de um divórcio litigioso de consequências econômicas imprevisíveis.
Uma conversa telefônica entre o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na tarde desta segunda-feira poderia selar o destino das negociações.
O principal negociador europeu, o francês Michel Barnier, comunicou aos embaixadores dos países membros da UE que não foram registrados avanços nos três temas que bloqueiam o acordo.
No entanto, Barnier disse aos diplomatas que as negociações continuariam na segunda-feira.
Mas o governo britânico já afirmou que não retomará as negociações comerciais no próximo ano no caso de um eventual acordo provisório.
"Temos sido claros em várias ocasiões que não vamos estender o período de transição [que termina em 31 de dezembro]. E continua sendo o caso", disse o porta-voz, que quando questionado sobre a retomada das negociações em 2021 observou: "isto eu posso descartar".
A UE tem uma cúpula em sua agenda para quinta e sexta-feira e, embora os líderes europeus tenham vários tópicos importantes em mãos, eles alertaram que essa questão deve ser resolvida antes da reunião.
- Corrida contra o relógio -Na sexta-feira, as equipes de negociação, lideradas pelo francês Barnier e o britânico David Frost, anunciaram uma "pausa" das conversações em Londres diante da impossibilidade de resolver as divergências.
Von der Leyen e Johnson já conversaram por telefone no sábado. Durante o contato, considerado difícil por várias fontes, os dois concordaram com um encontro dos negociadores no domingo em Bruxelas para avaliar mecanismos de solução de diferenças.
O Reino Unido saiu formalmente da União Europeia no início do ano e as partes estabeleceram um período de transição até 31 de dezembro, quando Londres deixará de modo definitivo o mercado único e a união alfandegária.
O período de transição foi definido justamente para que Londres e Bruxelas negociem um acordo sobre como funcionaria a relação comercial a partir de 1 de janeiro de 2021, mas até agora os esforços para alcançar o entendimento não deram resultados.
Além disso, um eventual acordo teria que ser ratificado pelas partes e altos funcionários do Parlamento Europeu já afirmaram que precisam de tempo para revisar o texto de um pacto antes de submetê-lo à votação.
Caso as partes não consigam um acordo, a partir de 1 de janeiro de 2021 as relações comerciais passariam a ser pautadas pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), o que significaria cotas e tarifas, um quadro que pode prejudicar ainda mais economias já afetadas pela pandemia de covid-19.
Os esforços da equipe de negociação europeia provocaram preocupação em várias capitais, com a possibilidade de concessões consideradas excessivas.
Na semana passada, um ministro francês advertiu que Paris bloquearia um acordo que não atendesse às demandas definidas pela UE e especificadas no mandato dado a Barnier.
- Pressão adicional -Para aumentar a pressão, o ministro britânico que coordena a ação do governo, Michael Gove, viajou a Bruxelas para um encontro com o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Maros Sefcovic.
O tema da reunião é o polêmico projeto de lei britânico sobre o Mercado Interno, que altera de forma unilateral aspectos negociados exaustivamente e que constam no Acordo de Retirada.
Para a aprovação na Câmara Baixa do Parlamento britânico, os legisladores retiraram da lei os artigos que violam o Acordo de Retirada, mas o governo avisou que tentará reintroduzi-los no texto que será votado na Câmara Alta.
Após as conversações Gove-Sefcovic, o governo britânico emitiu nota admitindo que poderia abandonar a ideia de reintroduzir os artigos polêmicos no texto do projeto.
ahg/me/fp/jc
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.