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Centenas de barcos fundeados devido a greve nos portos argentinos

22/12/2020 15h30

Buenos Aires, 22 dez 2020 (AFP) - Uma greve iniciada há 13 dias por três sindicatos afeta os portos agroexportadores argentinos, onde mais de uma centenas de barcos estão fundeados esperando uma definição do conflito.

"No dia de hoje (terça, 22) há mais de cem barcos fundeados porque a greve paralisou as atividades em 22 terminais de carga", disse Juan Peralta, porta-voz da União de Receptores de Grãos e Similares à AFP (Urgara).

A greve, que teve a adesão de 12 mil trabalhadores e foi iniciada em 9 de dezembro, também afetou as atividades das processadoras de oleaginosas depois que as negociações patronais fracassaram na semana passada.

A Argentina é um dos principais produtores mundiais de alimentos, primeiro em exportação de óleo de soja e quarto de trigo, entre outros produtos.

O setor é uma vital fonte de receita para a Argentina, suja economia está em recessão desde 2018.

A Câmara da Indústria de Oleaginosas (CIARA) comunicou na semana passada o "fracasso da negociação com os sindicatos".

"O principal ponto do conflito é salarial, porque há cinco meses que se venceu nossa paridade (acordo sobre aumentos de salário)" anual, indicou Peralta.

As medidas de segurança foram endurecidas nesta semana em um conflito no qual o Ministério do Trabalho já interveio em várias ocasiões sem chegar a uma solução.

"Já tentamos duas conciliações obrigatórias acenando para o diálogo mas sem resultado", disse Peralta.

Os trabalhadores pedem um aumento salarial de 40%, enquanto a câmara empresarial acusa os sindicatos de "intransigência" para alcançar um acordo "razoável".

A economia argentina teve no ano passado inflação de 53,8% e acumulou 30,9% este ano até novembro, quando foi divulgado o último balanço.

"O endurecimento das medidas de segurança afetou todos os portos e fábricas de oleaginosas do país, bloqueou a exportação e a entrada de receitas", sustentou a câmara empresarial.

O setor foi declarado "essencial" em março desse ano, o que permitiu adotar exceções nas medidas de restrição impostas pelo governo para frear os contágios do coronavírus.

O complexo oleaginoso se localiza em sua maior parte na província de Santa Fé (80%), seguido por Buenos Aires (11%) e Córdoba.

Para este ano são projetadas exportações da ordem de 21,428 bilhões de dólares em milho, trigo e produtos do complexo sojeiro, o que representa uma queda de 1,320 bilhão de dólares em relação a 2019, segundo o último relatório da Bolsa de Comércio de Rosário.

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