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Brasília ataca o 'protecionismo' de Macron por críticas à soja brasileira

13/01/2021 15h12

Brasília, 13 Jan 2021 (AFP) - O vice-presidente Hamilton Mourão acusou nesta quarta-feira (13) o presidente francês, Emmanuel Macron, de defender "os interesses protecionistas dos agricultores franceses" ao afirmar que a dependência da Europa da soja brasileira "sustenta o desmatamento da Amazônia".

"Senhor Macron? O senhor Macron não está bem", disse Mourão, em francês, a jornalistas em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, um dia após as declarações do chefe de Estado da França.

"Macron não sabe nada sobre a produção de soja no Brasil. Nossa produção de soja ocorre no Cerrado e no sul do país. A produção agrícola na Amazônia é ínfima", afirmou o vice-presidente, mudando para o português.

"No Brasil, menos de 8% do nosso território é dedicado à agricultura, enquanto na França é mais de 60% (...) Nesse sentido, podemos dizer que estamos batendo os franceses por 10-0", disse Mourão, que preside o Conselho da Amazônia, responsável pela coordenação das políticas públicas para o desenvolvimento sustentável da região.

Na terça-feira, o presidente francês recomendou aumentar a produção de soja na Europa para ser "coerente com as ambições ecológicas da UE".

"Quando importamos soja produzida a um ritmo rápido a partir da floresta destruída no Brasil não somos coerentes", disse ele em um vídeo que acompanha uma mensagem no Twitter.

"Macron externou os interesses protecionistas dos agricultores franceses, nada mais, faz parte do jogo político", disse Mourão, acrescentando que o discurso do presidente francês foi dirigido a um "público interno".

O desmatamento na Amazônia, que não para de bater recordes desde a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, há dois anos, é um dos principais obstáculos à ratificação pelos países europeus do acordo comercial entre a UE e o Mercosul, negociado há mais de duas décadas.

A Frente Parlamentar da Agropecuária brasileira (FPA) lamentou, em nota, que Macron "associe a agricultura brasileira ao crime de desmatamento ilegal, sem nenhum dado oficial que o comprove".

Em 2019, Bolsonaro atacou Macron várias vezes nas redes sociais, após críticas do presidente francês ao aumento dos incêndios na Amazônia.

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