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FMI melhora previsão para economia no ano; América Latina deve crescer 4,1%

Brasil e México tiveram revisão de alta para 2021, segundo projeções do FMI - Getty Images
Brasil e México tiveram revisão de alta para 2021, segundo projeções do FMI Imagem: Getty Images

26/01/2021 10h48

A expectativa de que a vacinação consiga controlar a pandemia e os efeitos dos planos de estímulo levaram o FMI a melhorar, nesta terça-feira (26), suas perspectivas de crescimento econômico global em 2021 para 5,5% (+ 0,3%) em relação aos dados de outubro, um aumento que também alcança a América Latina.

"Esses desenvolvimentos apontam para uma base mais sólida para as perspectivas globais para 2021 e 2022", disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) em uma atualização de seu relatório "Perspectivas Econômicas Mundiais" (WEO).

Segundo os cálculos da entidade com sede em Washington, a economia dos Estados Unidos se expandirá dois pontos percentuais a mais do que o esperado em outubro, com crescimento do PIB de 5,5% em 2021, e a China terá um crescimento de 8,1% este ano.

"A melhora nas perspectivas é especialmente marcada nas economias avançadas, um reflexo de estímulos fiscais adicionais, especialmente nos Estados Unidos e no Japão", disse o FMI, acrescentando que isso se soma à expectativa de que haverá disponibilidade generalizada da vacina antes do esperado.

Um indicador importante dessa perspectiva melhorada é que os volumes do comércio global crescerão 8% em 2021, de acordo com o FMI, e depois se expandirão 6%, em 2022.

Para 2022, o Fundo manteve seus cálculos de que a economia mundial crescerá 4,2%, mas a entidade alertou, no entanto, que essa previsão é marcada por "incertezas excepcionais" e que a recuperação é "incompleta" e "desigual".

"Embora as recentes aprovações de vacinas aumentem as expectativas de uma mudança no rumo da pandemia este ano, novas ondas e novas variantes do vírus podem afetar as perspectivas", alertou o FMI.

Economistas estimaram a contração da economia global em 2020 em 3,5%, longe das previsões mais sombrias feitas em junho - de uma queda de 5,2% no PIB no ano passado.

Para a América Latina, o Fundo apostou em um crescimento de 4,1% este ano, 0,5 ponto percentual a mais do que os cálculos do relatório anterior. Este desempenho é sustentado por revisões em alta de 0,8 pp no Brasil e no México, que crescerão 3,6% e 4,3%, respectivamente.

Uma região, cuja previsão para 2021 piorou pela onda atual que se abate sobre o continente, foi a Europa. O FMI reduziu suas projeções de crescimento para a zona do euro em 1,0 pp, para 4,2%.

A Itália é o país, cuja projeção foi mais prejudicada, com um corte de 2,2 pp para um crescimento de 3%, seguida da Espanha, onde o FMI baixou suas projeções em 1,3 pp, para 5,9%.

Se compararmos as economias desenvolvidas, Estados Unidos e Japão alcançarão o patamar anterior à crise no segundo semestre de 2021, enquanto a zona do euro e o Reino Unido levarão até 2022 para chegar a esse ponto.

Cicatrizes da crise

O FMI informou que "o colapso severo de 2020 teve um forte impacto negativo sobre as mulheres, os jovens, os pobres e os trabalhadores informais e também sobre as pessoas empregadas em setores que dependem do contato".

A entidade reiterou sua mensagem de que serão os países que mantiverem o apoio à economia que voltarão mais cedo à trajetória de crescimento.

O alerta é feito no momento em que o novo presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, tenta aprovar um plano de alívio em massa para a economia, que perdeu nove milhões de trabalhadores desde fevereiro de 2020.

Além disso, o Fundo destacou que, entre as cicatrizes desta crise, está o retrocesso no combate à pobreza nas últimas duas décadas, com cerca de 90 milhões de pessoas podendo cair na pobreza extrema entre 2020 e 2021.

O FMI fez um apelo especial para fortalecer a cooperação multilateral, incluindo o apoio ao fundo de vacinação Covax, para que mais países tenham acesso à vacina contra a covid-19. Já são 2,1 milhões de mortes no mundo.

Também defendeu que, nos casos em que a dívida soberana de um país se torne insustentável, as nações que se beneficiam de um mecanismo pactuado a pedido do G-20 continuem a operar dentro dessa estrutura com seus credores.

Para o FMI, no contexto desta crise, a reestruturação da dívida de alguns países pode ser "inevitável".