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ExxonMobil sofreu grandes perdas em 2020, devido à queda no preço do petróleo

02/02/2021 19h47

A gigante americana ExxonMobil anunciou nesta terça-feira (2) um prejuízo de 20,1 bilhões de dólares no quarto trimestre de 2020 para selar o primeiro resultado anual negativo em sua história recente, devido à queda dos preços do petróleo provocada pela pandemia.

A petroleira americana, surgida em 1999 da fusão da Exxon e da Mobil e criticada intensamente no último ano, tanto por seu desempenho financeiro quanto por sua resposta às mudanças climáticas, sofreu prejuízos em 2020 de 22,4 bilhões de dólares, após ter registrado lucros de 14,3 bilhões de dólares em 2019.

Este resultado levou o grupo a reduzir suas despesas e acelerar sua incursão nas energias menos poluentes.

O colapso do consumo de petróleo afetou todo o setor, especialmente no início da pandemia, quando os confinamentos paralisaram temporariamente a atividade e a demanda.

A Chevron havia reportado na sexta-feira perdas de 5,5 bilhões de dólares em 2020, enquanto a gigante britânica de petróleo e gás BP anunciou nesta terça um prejuízo de US$ 20,3 bilhões.

Segundo o Wall Street Journal, ExxonMobil e Chevron discutiram, inclusive, a possibilidade de se fundirem no ano passado.

O diretor-executivo da ExxonMobil, Darren Woods, se negou a comentar esta "especulação da imprensa" nesta terça, mas destacou em uma teleconferência que o grupo ainda buscava "oportunidades para aumentar seu valor".

Os ganhos da ExxonMobil diminuíram 31% em 2020, a US$ 181,5 bilhões.

Em busca de cortar seus gastos, a companhia abandonou projetos considerados menos estratégicos, como os programas de exploração de gás nos Estados Unidos, Canadá e Argentina.

O grupo também advertiu cortará 15% de seus funcionários entre o fim de 2019 e o final de 2022.

No entanto, excluindo diversos elementos excepcionais, a ExxonMobil foi rentável durante o período: os ganhos por ação foram de 0,03 dólar, mais do que o esperado.

"O ano passado apresentou as condições de mercado mais desafiadoras que a ExxonMobil já experimentou", disse Woods, acrescentando que a companhia respondeu "de forma decisiva" para mudar a longo prazo.

Graças às poupanças estruturais, o grupo "sairá mais forte", assegurou.

- Pressão ambientalista -Sob a pressão crescente dos ambientalistas, a companhia anunciou nesta segunda-feira a criação de uma filial dedicada a energias menos contaminantes para enfrentar o futuro. A ExxonMobil avançará em sua tecnologia de captura e armazenamento de carbono como um meio de contrabalançar as emissões provocadas pelo aquecimento global.

A iniciativa de uma nova filial surge enquanto investidores ativistas criticaram a empresa por não igualar os investimentos em energias renováveis de concorrentes como a Royal Dutch Shell.

A companhia revelou planos para cortar gastos anuais da ordem de 3 bilhões de dólares até 2023, seu último movimento de economia em meio à recessão da indústria.

Em contrapartida, planeja investir um total de 3 bilhões até 2025 em soluções energéticas menos poluentes.

A ExxonMobil já tinha anunciado no quarto trimestre de 2020 a intenção de reduzir as emissões de suas atividades de exploração de petróleo entre 15% e 20% até 2025 em comparação com níveis de 2016.

Um grupo investidor na empresa, o ativista Engine No. 1, nomeou quatro pessoas para a direção da companhia em prol de uma nova estratégia de sustentabilidade. Mas até o momento, estas incorporações não foram efetuadas.

A gigante do petróleo nomeou em sua diretoria o ex-diretor-executivo da companhia petroleira nacional malaia Petronas, Tan Sri Wan Zulkiflee Wan Ariffin.

Por outro lado, também anunciou a suspensão de seu programa de recompra de ações no primeiro trimestre devido à incerteza atual do mercado, embora tenha previsto continuar pagando dividendos a seus acionistas, inclusive se o barril de Brent cair abaixo dos 45 dólares até 2025.