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Principais atores no frenesi de ações da GameStop negam manipulação financeira

As ações da GameStop dispararam repentinamente antes de caírem nas semanas seguintes - SOPA Images/SOPA Images/LightRocket via Gett
As ações da GameStop dispararam repentinamente antes de caírem nas semanas seguintes Imagem: SOPA Images/SOPA Images/LightRocket via Gett

18/02/2021 19h45

Os principais atores no frenesi de ações da GameStop, que desestabilizou Wall Street no final de janeiro, afirmaram aos céticos legisladores norte-americanos nesta quinta-feira (18) que suas estratégias financeiras são legais e alinhadas com a atividade normal da Bolsa.

O Comitê de Serviços Financeiros da Câmara realizou uma audiência virtual para esclarecer o fenômeno que atingiu a Bolsa de Valores de Nova York no mês passado.

"Nosso papel é garantir justiça nos mercados e sistemas financeiros, forte proteção ao investidor e responsabilidade para Wall Street", lembrou Maxine Waters, presidente democrata do Comitê, em seu discurso inaugural.

Um exército de investidores amadores, organizado por meio de um fórum no site Reddit, investiu maciçamente em várias empresas com saúde financeira precária, principalmente a GameStop, mas também os cinemas AMC ou a rede de lojas Bed, Bath & Beyond.

As ações desses grupos dispararam repentinamente antes de caírem nas semanas seguintes.

Ao mirar nessas empresas, os investidores queriam provar que os grandes fundos de investimento e barões de Wall Street, que apostaram no colapso financeiro dessas empresas, estavam errados.

A extrema volatilidade do mercado levou os reguladores e políticos dos Estados Unidos a exigirem uma explicação sobre o ocorrido. Os reguladores querem determinar se houve manipulação de preços ou negociação com informações privilegiadas.

O co-fundador do Reddit, Steve Huffman, e o CEO do aplicativo de corretagem Robinhood, Vlad Tenev, também foram ouvidos.

Diversas plataformas de corretagem foram criticadas por limitar, no auge da febre especulativa, as compras de ações da GameStop e outras empresas muito procuradas pelos pequenos investidores.

Muitos clientes da Robinhood em particular reclamaram das limitações impostas pela plataforma de corretagem online, usada principalmente por gerações mais jovens de investidores.

Muitos acusaram a empresa de estar por trás dos fundos de investimento com os quais faz negócios.

Nesta quinta-feira, diante dos parlamentares, o CEO da Robinhood, Vlad Tenev, pediu desculpas a seus clientes, mas garantiu não ter recebido qualquer "pressão".

Ele reiterou que a Robinhood teve que impor restrições para atender aos níveis de liquidez exigidos pelas normas vigentes para garantir que as transações de ações fossem concluídas.

Tenev negou querer proteger os fundos de investimento ao fazê-lo, dizendo que a missão de sua empresa continua sendo tornar o mercado acessível aos pequenos investidores.

A única desvantagem: o modelo de negócios da Robinhood envolve um contrato com a Citadel, um fundo de investimento, dono de outro fundo, Melvin Capital, que perdeu uma fortuna com a ascensão das ações da GameStop.

A Citadel teve que resgatar a Melvin por uma quantia de 2,75 bilhões de dólares, de acordo com a imprensa americana, depois que o valor da carteira do fundo caiu mais de 53% só em janeiro.

- Discussões tensas -Também ocorreram tensas discussões entre os congressistas e o financista Ken Griffin, fundador da Citadel, sobre "pagamento por fluxo de pedidos".

Essa prática polêmica permite que as plataformas de corretagem ganhem dinheiro em uma transação, beneficiando-se de uma taxa preferencial oferecida por um operador de mercado (como a Citadel).

Outro destaque da audiência foi o testemunho de Keith Gill, que ficou famoso no Reddit e no YouTube por apostar na valorização das ações da GameStop muito antes do pico de janeiro.

Autodenominado "Roaring Kitty" na internet, Gill se apresentou como um investidor não institucional que estudou profundamente o modelo de negócio da GameStop.

Estão previstas outras duas audiências, nas quais os parlamentares vão ouvir os reguladores da Bolsa e especialistas do mundo das finanças.