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Grupo Total é acusado de dividir com militares birmaneses receita obtida com gás

04/05/2021 15h33

Paris, 4 Mai 2021 (AFP) - Um esquema financeiro em torno do gasoduto explorado pelo grupo petroleiro francês Total em Mianmar permitiu destinar diretamente durante anos centenas de milhões de dólares obtidos com venda de gás aos militares, revelou nesta terça-feira (4) o jornal Le Monde.

A empresa Moattama Gas Transportation Company (MGTC) é proprietária do gasoduto que liga o campo de Yadana, em frente à costa birmanesa, à Tailândia. Foi criada em 1994, quando foi implantado o projeto energético e é registrada nas Bermudas.

Seus acionistas são os mesmos que os da empresa que explora a jazida, especialmente Total (31%) e Myanmar Oil and Gas Enterprise (MOGE, 15% sob controle do exército birmanês).

Segundo o jornal francês, que consultou contas e auditorias da MGTC, esta empresa cobra "um preço considerado exorbitante" ao transporte de gás, geralmente menos taxado do que a produção, o que permitiria reduzir o montante de impostos destinados ao Exército birmanês.

Este dispositivo permitiria ao Exército, através da MOGE, se beneficiar diretamente de dividendos sobre o transporte, que em 2019 gerou uma receita de 523 milhões de dólares, frente a apenas 11 milhões de dólares em taxas.

"Não conhecemos as razões precisas que levaram a optar por registrar a MGTC nas Bermudas há 30 anos", reagiu a Total.

Segundo a gigante francesa, atualmente o grupo "não registra mais nenhuma nova filial em paraísos fiscais".

"Não há benefícios extraordinários" no gasoduto, insistiu a Total, presente em Mianmar desde 1992.

"Estão divididos entre o transporte e a produção de gás. O esquema é clássico e foi avalizado pelas autoridades de Mianmar da época e continuou com os governos sucessivos até agora", segundo a empresa.

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