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Mais de 60% do apoio do FMI na pandemia foi para a América Latina

24/05/2021 21h54

Washington, 25 Mai 2021 (AFP) - A América Latina recebeu mais de 60% do apoio financeiro que o Fundo Monetário Internacional (FMI) destinou aos países para enfrentar a pandemia de covid-19, disse nesta segunda-feira (24) o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner.

Em um blog do FMI, o funcionário ressaltou o apoio da entidade financeira global à região, na qual antecipou desafios substanciais em termos de crescimento, fortalecimento das finanças públicas e educação.

"É importante destacar que 60% do apoio financeiro que o FMI outorgou durante a pandemia orientou-se para a América Latina", disse Werner em um vídeo publicado no site do FMI na Internet.

Ele explicou que este apoio se materializou em linhas de emergência e linhas contingentes, assim como na extensão de alguns programas, como o novo acordo com o Equador, aprovado no ano passado, depois da reestruturação da dívida privada.

Dos 110,188 bilhões de dólares de assistência do FMI a 85 países para mitigar o impacto econômico da pandemia de covid-19, US$ 68,013 bilhões foram para 20 países da América Latina e do Caribe. Nove foram caribenhos.

Werner disse que o Fundo prevê continuar apoiando a região.

Uma vez que as campanhas de vacinação regionais se acelerarem e os países forem desenvolvendo pacotes de políticas para impulsionar o crescimento, o FMI espera "poder outorgar o apoio financeiro requerido para que estes programas possam ser implementados", disse.

- Luz vermelha para a educação -Em seu último relatório de "Perspectivas da economia mundial" (WEO, na sigla em inglês), o FMI melhorou as perspectivas para a América Latina e o Caribe, prevendo um aumento do crescimento de 4,6% para este ano, uma cifra abaixo da média global de 6%.

Werner estimou que em vista dos atrasos nas campanhas de vacinação, "talvez a primeira metade do ano seja um pouquinho menos dinâmica do que pensávamos".

E destacou que mesmo com um crescimento próximo de 5% estaria abaixo do nível pré-pandemia, visto que a contração do PIB na região em 2020 foi de 7%.

"O nível da renda per capita em 2025 provavelmente será similar ao que víamos em 2015, o que também mostra um problema de aprofundamento da pobreza, de deterioração na distribuição de renda", advertiu.

Além do desafio que representa assegurar um crescimento sustentado e inclusivo, Werner enfatizou as políticas fiscais necessárias para atender os elevados níveis da dívida após a pandemia.

Mas, sobretudo, fez soar o alerta sobre a deterioração educacional da região, devido aos fechamentos das escolas para evitar a propagação da covid-19.

"A América Latina é uma das regiões do mundo onde se perdeu o maior número de dias de aulas presenciais" e onde "o acesso à educação remota é bastante desigual, dependendo dos níveis socioeconômicos", afirmou.

"Estabelecer medidas corretivas que compensem a perda na educação nos últimos 14 meses vai ser muito importante para limitar os efeitos sobre o crescimento econômico, mas também sobre a distribuição de renda", destacou.

- De corrigir a prevenir -Werner, um economista mexicano nascido em Buenos Aires em 1967, anunciou no mês passado que a partir de 31 de agosto deixará o cargo no Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, aonde chegou em 2013.

Perguntado sobre a relação do Fundo com a região, disse que o movimento para sistemas democráticos nas últimas décadas contribuiu para sociedades com maior transparência e, por fim, com muito mais debate sobre as políticas públicas.

Por outro lado, ressaltou mudanças no FMI, que passou de um conceito de estabilização macroeconômica a outro mais amplo que inclui os indicadores sociais.

"Isso, do ponto de vista do FMI, refletiu-se através da proteção do gasto social dentro dos programas de estabilização macroeconômica", disse.

Werner também enfatizou a evolução das ferramentas do Fundo: de instrumentos corretivos a instrumentos preventivos.

"Isso muda a dinâmica na relação com nossos países-membros porque é muito diferente ser parte de uma estratégia preventiva de gestão do risco do que ser o sócio que entra depois que há uma crise", afirmou.

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