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China acusa EUA de 'delírio paranoico' por lei para contra-atacar peso econômico de Pequim

A China criticou o senado dos EUA por aprovar PL de política industrial destinado a contra-atacar a crescente ameaça econômica de Pequim - ALY SONG
A China criticou o senado dos EUA por aprovar PL de política industrial destinado a contra-atacar a crescente ameaça econômica de Pequim Imagem: ALY SONG

Da AFP, em Pequim

09/06/2021 10h41Atualizada em 09/06/2021 10h48

A China acusou nesta quarta-feira (9) o governo dos Estados Unidos de "delírio paranoico" após a aprovação pelo Senado americano de um projeto de lei de política industrial destinado a contra-atacar a crescente ameaça econômica de Pequim.

Os partidos americanos superaram as divisões e apoiaram na terça-feira um plano que destina mais de 170 bilhões de dólares para pesquisa e desenvolvimento, uma das conquistas mais significativas no Congresso desde o início da presidência de Joe Biden em janeiro.

A Lei de Inovação e Concorrência dos Estados Unidos representa o maior investimento em pesquisa científica e inovação tecnológica "em gerações", afirmou o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer.

"Estamos em uma competição para vencer o século XXI, e hoje foi dado o tiro de largada", disse Biden. "Enquanto outros países continuam investindo em sua própria pesquisa e desenvolvimento, nós não podemos ficar para trás", completou.

O projeto de lei é considerado crucial para os esforços dos Estados Unidos em sua disputa com a China por inovação tecnológica.

Mas a Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Popular Nacional da China considerou o projeto a lei uma tentativa de interferir nos assuntos internos do país e privá-lo de seu "legítimo direito ao desenvolvimento por meio da tecnologia", informou a imprensa estatal.

"A lei mostra que o delírio paranoico do egoísmo distorceu a intenção original da inovação e concorrência", afirmou a Comissão, de acordo com a agência oficial de notícias Xinhua.

A Comissão do principal órgão legislativo chinês considera que o projeto está "repleto de mentalidade da Guerra Fria e preconceitos ideológicos".

Líder em inovação

O pacote de medidas, incluindo um dispositivo que aborda a escassez de semicondutores que provocou este ano a desaceleração da produção de automóveis nos Estados Unidos, ajudará a indústria americana a reforçar sua capacidade e a melhorar sua tecnologia.

O projeto de lei será enviado agora à Câmara de Representantes.

"O Senado deu um passo decisivo e bipartidário para faze os investimentos que precisamos para continuar o legado dos Estados Unidos como líder mundial em inovação", afirmou a secretária do Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, em um comunicado.

"Este financiamento não se limita a solucionar a atual escassez de chips semicondutores, trata-se de investimentos a longo prazo", completou.

Schumer considerou a medida "uma das coisas mais importantes que esta Câmara fez em muito tempo, uma declaração de fé na capacidade dos Estados Unidos em aproveitar as oportunidades do século XXI".

O projeto aborda uma séria de áreas tecnológicas nas quais o país ficou para trás da China e destina, entre outros valores, 52 bilhões de dólares a um plano para aumentar a fabricação nacional semicondutores.

Também financia com 120 bilhões de dólares em cinco anos as atividades da Fundação Nacional da Ciência, com o objetivo de desenvolver áreas-chave como a inteligência artificial e a ciência quântica.

Além disso, facilita a colaboração entre empresas privadas e universidades nas pesquisas.

Schumer declarou que o país que aproveitar de modo mais eficiente as tecnologias como a inteligência artificial, a robótica e a computação quântica poderá definir a inovação do futuro e criticou o presidente chinês Xi Jinping.

Um resumo do projeto de lei do Senado afirma que a China está "investindo agressivamente mais de 150 bilhões de dólares" na fabricação de semicondutores para controlar esta tecnologia avançada.

O líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, lamentou que as medidas continuam "incompletas", mas acabou votando a favor e o texto foi aprovado por ampla margem.