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Democratas apresentam plano para suspender limite da dívida dos EUA

20/09/2021 21h05

Washington, 21 Set 2021 (AFP) - Os líderes democratas no Congresso apresentaram nesta segunda-feira (20) um plano para suspender o limite da dívida dos Estados Unidos, depois que o governo alertou sobre as consequências dramáticas que a falta de decisão do Legislativo poderia levar.

O projeto também vai fornecer recursos para o governo e vai adiar o "shutdown", como é chamada a paralisação dos serviços públicos que pode ocorrer quando o Congresso não chega a acordo sobre o orçamento antes de 30 de setembro.

A iniciativa, que permitirá ao governo operar até dezembro, também prevê suspender a limitação da dívida "até dezembro de 2022", explicou em nota a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.

- Aviso -O governo americano alertou nesta segunda-feira sobre a ameaça de uma "crise financeira histórica" se democratas e republicanos não chegarem a um acordo sobre o aumento do teto da dívida do país.

A falta de entendimento impediria os Estados Unidos de honrar seus compromissos financeiros já em meados de outubro.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, descreveu um panorama apocalíptico em coluna publicada no influente The Wall Street Journal, sobre as consequências que derivariam de uma falta de acordo no Legislativo: as taxas de juros da dívida americana disparariam, O mercado de ações cairia e dezenas de milhões de soldados e aposentados ficariam sem renda. Além disso, uma nova recessão pode ocorrer com milhões de empregos perdidos.

Se o limite da dívida do Estado federal não for aumentado, pode haver sérias consequências para a economia dos Estados Unidos e também para a economia mundial, que tenta se levantar do golpe da pandemia do coronavírus, alertou a secretária do Tesouro.

Em agosto de 2019, o teto da dívida americana foi suspenso graças a um acordo entre o então presidente Donald Trump e os democratas do Congresso. Mas um limite voltou a vigorar desde 1º de agosto, no valor de US$ 28,4 trilhões.

Já no dia 8 de setembro, Yellen alertou que os Estados Unidos poderiam ficar sem recursos "durante o mês de outubro".

- Recorrente -Embora o Congresso tenha a prerrogativa de aumentar esse limite de emissão de dívida, os democratas poderiam por conta própria aprovar um novo teto com seus votos.

Desde a década de 1960, o problema é recorrente: esse teto da dívida foi aumentado ou suspenso 80 vezes. Somente durante o mandato de Trump (2017-2021), foi suspenso três vezes pelo Congresso.

Os republicanos se recusam a aprovar um novo aumento, desgostosos com os gigantescos planos de investimentos promovidos pelo presidente Joe Biden.

Os democratas "querem que ajudemos a pavimentar o caminho para seu programa de destruição de empregos, ao qual nos opomos", criticou o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, na semana passada.

- O fantasma da inadimplência -"O país não deve ficar inadimplente. O teto da dívida deve subir. Mas isso é responsabilidade daqueles que o povo americano elegeu", argumentou o próprio McConnell na semana passada no site de notícias políticas Punchbowl News, sugerindo que os democratas terão que se virar para formar uma maioria.

Os democratas querem votos republicanos, mas estão prontos para votar para aumentar o teto da dívida usando um procedimento que lhes permite aprovar seus projetos de lei usando sua maioria estreita no Congresso.

"Demorar muito" para aumentar a capacidade de endividamento dos Estados Unidos "não é aceitável", acrescentou Yellen. "Acabamos de sair da crise. Evitemos voltar a uma situação totalmente evitável", concluiu.

Os Estados Unidos nunca entraram em uma moratória, mas em 2011, quando Barack Obama era presidente, a estagnação no Congresso levou a agência de classificação de risco Standard and Poor's a retirar a nota "AAA" da dívida americana.

Esse episódio "levou os Estados Unidos à beira da crise", lembrou Yellen nesta segunda-feira.

jul/Dt/mr/rsr/gm/am