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Investidores estrangeiros se fazem perguntas sobre o mercado chinês

21/09/2021 16h33

Nova York, 21 Set 2021 (AFP) - Crescimento econômico mais lento, ajustes em vários setores, possível falência da gigantesca incorporadora imobiliária Evergrande: a China dá sinais que podem deixar os investidores estrangeiros temerosos.

Com 149 bilhões de dólares em investimento estrangeiro direto no ano passado, segundo dados de um relatório anual das Nações Unidas, a China (exceto Hong Kong) é um destino central das finanças mundiais.

Mas, "há alguns meses, o movimento nos mercados econômicos e financeiros chineses se parece com um acidente em câmera lenta", descreve Erik Nelson, da Wells Fargo.

Para o analista, os investidores "reagiram ao risco chinês como em um romance de (Ernest) Hemingway: gradualmente, depois subitamente".

O começo desta semana foi doloroso para as bolsas mundiais: de Wall Street a Hong Kong, passando pelas praças europeias, todos os índices caíram bruscamente na segunda-feira. Na terça, o Nikkei caiu mais de 2% em Tóquio na volta de um feriado.

- Regulação - Os problemas da Evergrande, à beira da falência por causa de uma dívida colossal de mais de 300 bilhões de dólares e em dificuldades com o pagamento de vencimentos, ocorrem em um contexto difícil para as empresas chinesas.

Vários grupos cotados nos Estados Unidos são investigados pelas autoridades chinesas, inquietas com o tamanho e o poder que ganharam gigantes como o site de comércio on-line Alibaba ou Didi, o "Uber chinês".

Em Wall Street, suas ações foram castigadas.

Pequim também decidiu apertar os parafusos na luta contra a especulação imobiliária. As empresas do setor deverão respeitar "linhas vermelhas" financeiras.

"Quando o governo chinês conseguiu controlar a pandemia, por volta de meados do ano passado, sua atenção se voltou para controlar os riscos econômicos internos", explicou Kim Eng Tan, diretor de classificações soberanas na Ásia-Pacífico para a S&P Global.

"Inevitavelmente, estas medidas geram incerteza a curto prazo, inclusive se seu objetivo é reduzir as incertezas a mais longo prazo", explica o especialista. "O ambiente político relativamente opaco na China poderia levar a maus-entendidos sobre as intenções do governo e sua determinação em continuar com algumas medidas", acrescentou.

- Segurança nacional -O controle do Estado chinês sobre as empresas nacionais é motivo de preocupação para investidores externos, que advertem para riscos políticos.

Em uma coluna publicada no Wall Street Journal no começo de setembro, o investidor americano de origem húngara George Soros criticou sem rodeios o gestor de ativos BlackRock de lançar um fundo de investimentos para clientes chineses.

"Colocar hoje bilhões de dólares na China é um erro dramático", disse Soros. "Poderia fazer os clientes da BlackRock perderem dinheiro e, sobretudo, porá em risco os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos e outras democracias", acrescentou.

Estas advertências não dissuadiram o Blackrock, que em alguns dias reuniu 1 bilhão de dólares entre 110.000 profissionais chineses.

Várias sociedades de gestão de carteiras, entre elas o grupo francês Amundi ou os bancos americanos Goldman Sachs e JP Morgan, buscam reforçar sua presença na China.

- Atraente -Apesar dos problemas atuais e de uma desaceleração do crescimento, com uma alta do PIB de 7,9% do PIB no segundo trimestre (com base no mesmo período de 2020), o mercado chinês continua sendo atraente.

"A China se tornou um dos países aos quais os investidores americanos estão mais expostos e é um destino importante de investimentos em nível mundial", ressalta Nicholas Borst, encarregado de investimentos sobre a China da companhia de investimentos Seafarer Capital Partners.

Este imenso potencial leva os investidores a minimizar as dificuldades da Evergrande, ao lembrar que se trata de um problema sobretudo local e que existem outras fontes de lucro.

"Se nos concentramos unicamente nos riscos, podemos esquecer as recompensas e muitas oportunidades", afirmou Brendan Ahern, encarregado de investimentos na KraneShares.

"A Evergrande mostra, sobretudo, o risco de não ter uma abordagem diversificada. Se reduzirmos a definição da China à Evergrande, certamente será problemático", concluiu.

dho/tu/eb/mr/dga/mvv

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