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Boris Johnson vende sua 'revolução verde' em busca de investimentos bilionários

19/10/2021 11h39

Londres, 19 Out 2021 (AFP) - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu, nesta terça-feira (19), implementar uma "revolução verde", durante sua apresentação uma cúpula de investimentos com a qual busca captar bilhões em financiamento, a poucos dias do início da cúpula sobre o clima em Glasgow.

"Este é o plano: uma revolução industrial verde, impulsionada pelas novas liberdades do Brexit", defendeu diante de uma equipe de dirigentes liderada pelo fundador da Microsoft e filantropo, Bill Gates, e pela diretora da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, reunidos em uma Cúpula de Investimento Global em Londres.

"Nesta sala, estão reunidos US$ 24 trilhões. Quero dizer a cada um desses dólares: são bem-vindos ao Reino Unido", brincou, acrescentando que o país pretende aproveitar sua capacidade de atrair investimentos "para tomar um novo rumo".

Johnson quer que o Reino Unido alcance a neutralidade do carbono em 2050.

Ele se prepara para receber os líderes mundiais na COP26, a cúpula da ONU sobre a mudança climática que acontecerá na cidade escocesa de Glasgow de 31 de outubro a 12 de novembro.

O primeiro-ministro considera que o investimento verde é essencial para o crescimento da economia britânica, duramente afetada pela pandemia do coronavírus e pelo Brexit.

Na segunda-feira (18), véspera desta Cúpula de Investimento Global, seu governo anunciou que o gigante espanhol de energia elétrica Iberdrola investirá 6 bilhões de libras (US$ 8,2 bilhões) no Reino Unido para criar seu maior projeto de energia eólica offshore.

Planejado junto com sua filial Scottish Power na costa leste da Inglaterra e ainda pendente de autorizações regulatórias, o projeto deve fornecer energia suficiente para abastecer 2,7 milhões de casas e criar 7.000 empregos, afirmou Johnson.

O investimento do grupo espanhol é o maior de uma série de 18 operações, decididas no marco desta reunião empresarial. Com valor total estimado em 9,7 bilhões de libras, tem potencial para criar 30.000 empregos.

- Falta de ambição -Nesta terça-feira, Johnson e Gates também anunciaram um investimento de 400 milhões de libras ao longo de dez anos. Metade deste valor será ofertada por um programa de investimento dirigido pelo bilionário americano, e a outra metade, pelo governo britânico, para financiar "a próxima geração de tecnologias de energia limpa".

A reunião gerou, no entanto, críticas de militantes ambientalistas, como o grupo Global Justice Now, que a classificou como uma simples operação cosmética.

O grupo denunciou que quatro bancos convidados ao evento (BlackRock, JP Morgan Chase, Goldman Sachs e Barclays) investiram um total de US$ 173 bilhões em combustíveis fósseis nos últimos anos. E condenou a participação do gigante energético britânico Drax Group que, segundo essa ONG, apenas em 2019 lançou mais emissões que todo país do Gana, situado na África Ocidental.

Hoje, o governo de Johnson também apresentou sua muito esperada estratégia de neutralidade do carbono.

A estratégia inclui investimentos para impulsionar a produção de veículos elétricos e subsídios de 5.000 libras aos proprietários de casas, a partir do ano que vem, no âmbito de um programa de 450 milhões de libras, para ajudá-los a substituir as velhas caldeiras a gás por bombas de calor de baixo carbono.

O Executivo de Johnson suprimiu, porém, um projeto anterior para melhorar o isolamento das casas. A medida é considerada fundamental pelos especialistas para que esses novos sistemas de aquecimento doméstico funcionem efetivamente. Também denunciaram que os subsídios permitirão financiar apenas 90.000 dispositivos, entre os milhões de que o país precisa.

"Até que as brechas em políticas e financiamento sejam fechadas, o apelo de Boris Johnson a outros países para que cumpram suas promessas na Conferência Global sobre o Clima do próximo mês será fácil de ignorar", afirmou Rebecca Newson, responsável do Greenpeace no Reino Unido, denunciando uma falta de ambição verdadeira por parte do governo.

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