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Apesar da covid, fabricantes de armas aumentam vendas em todo o mundo

Grandes fabricantes de armas não foram afetados no ano passado pela crise econômica provocada pela covid-19  - iStock
Grandes fabricantes de armas não foram afetados no ano passado pela crise econômica provocada pela covid-19 Imagem: iStock

06/12/2021 10h45Atualizada em 06/12/2021 18h19

Os grandes fabricantes de armas não foram afetados no ano passado pela crise econômica provocada pela covid-19 e registraram aumento de vendas pelo sexto ano consecutivo, segundo relatório publicado nesta segunda-feira (6).

O faturamento dos 100 grupos mais importantes do setor de defesa em 2020 atingiu um novo teto de 531 bilhões de dólares, dos quais mais de 50% corresponderam a empresas americanas, segundo o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI).

Esse montante representa um aumento de 1,3% em um ano nas vendas de armas e serviços relacionados ao setor de defesa.

No mesmo período, a economia mundial caiu mais de 3%, aponta esta organização com sede na Suécia, cujo trabalho é considerado uma referência mundial.

O faturamento dos 100 grupos de armas aumenta de maneira contínua desde 2015, acumulando um total de 17%, de acordo com o SIPRI.

Com exceção das empresas russas e francesas, que reduziram suas vendas em 6,5% e 7,7%, respectivamente, as demais potências constataram um aumento nas receitas dos seus grupos neste setor durante o ano passado.

EUA domina pódio

Para o SIPRI, a força dessas grandes empresas em 2020 é explicada pelas políticas de apoio ao orçamento dos governos diante da pandemia.

O mercado de armas é caracterizado por pedidos escalonados ao longo de vários anos, tornando-o menos frágil às flutuações econômicas.

"Em muitos casos, as medidas adotadas para tentar conter o coronavírus interromperam as cadeias de abastecimento e atrasaram as entregas", destaca o SIPRI.

Cinco gigantes dos EUA mais uma vez ocuparam os primeiros lugares globalmente: Lockheed-Martin (caças F-35, mísseis) ficou em primeiro lugar com vendas de US$ 58,2 bilhões, seguido por Raytheon Technologies - novo número dois após uma fusão - Boeing, Northrop Grumman e General Dynamics.

As chinesas Norinco (7ª), Avic (8ª) e CETC (9ª) e a americana L3Harris (10ª) completam o pódio.

A britânica BAE Systems é o primeiro grupo europeu, ocupando a 6ª posição, enquanto a Airbus foi 11ª.

Quanto à China, "seu progresso como grande fabricante de armas foi impulsionado por sua determinação em se tornar menos dependente de sua produção e em programas ambiciosos para modernizar" suas forças armadas, observa o SIPRI.

2021 pode ser diferente

No entanto, o setor de defesa não saiu completamente imune à covid-19.

O relatório cita o caso da Thales, principal empresa francesa - excluindo a Airbus -, 14ª no ranking, que atribuiu ao confinamento a queda de 6% no seu faturamento em 2020.

Os problemas de logística aumentaram em 2021.

"É possível que essas dificuldades se reflitam em suas vendas" este ano, como prevê a Lockheed Martin, por exemplo, ressalta à AFP Lucie Béraud-Sudreau, encarregada de monitorar os gastos militares no SIPRI.

Além disso, outros 15 países têm empresas que compõem o Top 100 da fabricação mundial de armas: Japão, com 5, Alemanha e Coreia do Sul com 4, Israel e Índia com 3, Itália com 2, enquanto Canadá, Singapura, Turquia, Suécia, Polônia, Espanha, Ucrânia e Emirados Árabes Unidos têm um cada.

Vários grupos também têm atividades civis, como Boeing ou Airbus, embora o SIPRI registre apenas suas vendas militares.