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FMI: guerra na Ucrânia e inflação desacelerarão o crescimento mundial em 2022 e 2023

O Fundo Monetário Internacional reduziu suas previsões de crescimento global para 2022 e 2023 devido à guerra entre Rússia e Ucrânia - 12.abr.2022 - Alexander Ermochenko/Reuters
O Fundo Monetário Internacional reduziu suas previsões de crescimento global para 2022 e 2023 devido à guerra entre Rússia e Ucrânia Imagem: 12.abr.2022 - Alexander Ermochenko/Reuters

14/04/2022 12h07Atualizada em 14/04/2022 12h53

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu suas previsões de crescimento global para 2022 e 2023 devido à guerra na Ucrânia, mas prevê um aumento do PIB na maioria dos países, anunciou a diretora-geral da instituição nesta quinta-feira (14).

Em janeiro, antes mesmo de a Rússia invadir a Ucrânia, o FMI já havia reduzido sua previsão de crescimento global para este ano para 4,4%, por conta da variante omicron da covid-19, mas revisou para cima suas projeções para o próximo ano.

A guerra na Ucrânia agravou essas previsões.

A guerra, que começou em 24 de fevereiro com a invasão russa da Ucrânia, agravou a inflação, que "agora representa um perigo real" para a recuperação, destacou Kristalina Georgieva.

"Resumindo: estamos diante de uma crise em cima de outra crise", lamentou em um discurso antes das reuniões da primavera boreal entre FMI e Banco Mundial.

Georgieva não revelou as projeções de crescimento para cada país, que serão divulgadas na próxima terça-feira.

No entanto, indica que "a economia da maioria dos países permanecerá em terreno positivo". Em outras palavras, os economistas do FMI não preveem uma recessão neste momento.

Por outro lado, "o impacto da guerra na Ucrânia contribuirá para reduzir as previsões de crescimento deste ano para 143 países que representam 86% do PIB mundial", disse Georgieva.

A situação varia muito de país para país. As projeções econômicas para a Ucrânia são "catastróficas" e a previsão de contração do PIB da Rússia é "severa", alerta.

Ela também ressaltou que o grau de incerteza na última previsão do FMI vai muito além do "habitual", porque a guerra na Ucrânia e as sanções contra Moscou podem piorar e é provável que surjam novas variantes da covid-19.

O principal risco é que a inflação permaneça alta por muito tempo e, portanto, seja muito mais difícil de controlar.

Após uma década de inflação quase silenciosa, os preços em todo o mundo começaram a disparar no ano passado, com o aumento do consumo da população global após a paralisação econômica causada pela pandemia de covid-19 em 2020.

Nas últimas semanas, a invasão russa da Ucrânia e as sanções impostas a Moscou elevaram os preços dos combustíveis e dos alimentos.

Ucrânia e Rússia são grandes produtores de grãos, sendo este último também uma importante fonte de energia para a Europa. Portanto, as repercussões econômicas são sentidas além da região da Europa central e do leste.

"Fragmentação"

A inflação, que bateu recorde em quatro décadas nos Estados Unidos, é "agora um perigo real" para muitos países e atinge mais os mais pobres, lamentou Georgieva em discurso no Carnegie Endowment for International Peace em Washington, um think-tank. Ela acredita que essa tendência provavelmente continuará por mais tempo do que o esperado.

"É um grande empecilho para a recuperação global", acrescentou.

Também complica consideravelmente a tomada de decisões, porque se as taxas de juros forem aumentadas para conter o aumento dos preços, os principais bancos centrais aumentarão os custos de endividamento dos países emergentes e em desenvolvimento, que já estão fortemente endividados.

"Este é o ambiente político mais complexo do nosso tempo", disse Georgieva, que pediu às instituições monetárias que "ajam com determinação".

Acabar com a guerra e a pandemia são as principais prioridades para garantir a prosperidade, acrescentou.

Por fim, alertou sobre a "crescente fragmentação da economia mundial em blocos geopolíticos" que prejudica a capacidade de enfrentar crises atuais e futuras. Isso levará a uma "mudança" que remodelaria, por exemplo, as cadeias de suprimentos globais.