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Presidente da Petrobras renuncia após novas críticas de Bolsonaro por aumento de combustíveis

20/06/2022 15h26

Brasília, 20 Jun 2022 (AFP) - O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, que já havia sido destituído por Jair Bolsonaro mas seguia no cargo, renunciou nesta segunda-feira (20), após novo aumento no preço dos combustíveis que enfureceram o chefe de Estado.

"A Petrobras informa que o senhor José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje (20/6)", disse a companhia em comunicado.

A petrolífera informou, em uma nota posterior, que o Conselho de Administração nomeou o diretor-executivo de exploração e produção, Fernando Borges, como presidente interino.

Coelho já havia sido despedido há um mês, mas aguardava para ser removido formalmente do cargo na próxima assembleia de acionistas da empresa, que tem o Estado brasileiro como acionista majoritário, prevista para julho.

Borges deve permanecer no cargo até a nomeação de Caio Paes de Andrade, indicado pelo governo para o comando da empresa.

A maior companhia da América Latina decidiu aumentar em 5,18%, a partir de sábado, o preço da gasolina nas refinarias, e em 14,26% o preço do diesel, o que provocou novas críticas de Bolsonaro, que afirmou que a Petrobras pode mergulhar o Brasil no "caos".

Além disso, Bolsonaro pediu ao Congresso que estabelecesse uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os dirigentes da companhia, a quem ele acusa de tentar lucrar com esses aumentos.

A negociação das ações da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo esteve "temporariamente suspensa" pela manhã, após recuarem mais de 5% com a divulgação da renúncia de Coelho, confirmou à AFP uma fonte da B3.

No início desta tarde, no entanto, os papéis da estatal se recuperaram e eram negociados em alta, tanto as ações preferenciais (1,10%) quanto as ordinárias (0,60%), por volta das 14h50.

Coelho foi o terceiro presidente da petrolífera durante o governo de Bolsonaro e permaneceu por pouco mais de dois meses no cargo.

- Pressão do governo -Bolsonaro tem pressionado a Petrobras para que contenha o aumento dos preços, o que evitaria uma aceleração da inflação, que atrapalha sua popularidade para as eleições de outubro, nas quais buscará um segundo mandato.

A política de preços da companhia está atrelada à cotação internacional do petróleo, uma estratégia intensamente questionada pelo governo.

O aumento de sábado foi estabelecido três meses depois do último, no caso da gasolina, e 40 dias depois para o diesel, um combustível utilizado principalmente pelos caminhoneiros, uma das bases de apoio do presidente.

A Petrobras registrou um lucro líquido de 44,5 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano, um valor 38 vezes maior que o obtido no mesmo período de 2021.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, propôs aumentar os impostos sobre os lucros da companhia, que classificou de "absurdos".

Por outro lado, também tramita no Congresso uma proposta do próprio Bolsonaro, anunciada em 7 de junho, para reduzir os impostos sobre os combustíveis e tentar assim diminuir os preços, que escalaram fortemente com o impacto da guerra na Ucrânia.

A inflação segue alta no Brasil. Os preços no varejo da maior economia da América Latina registravam, em maio, um aumento de 11,73% nos últimos 12 meses, segundo dados oficiais.

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