Petróleo dispara após cortes inesperados de produção da Opep+
Os preços do petróleo dispararam nesta segunda-feira (3), depois do anúncio, neste fim de semana, dos membros da Opep de um drástico corte de produção, desde maio de 2022, para fazer os preços subirem.
Oito dos 23 membros da aliança Opep+, que reúne a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros dez parceiros, decidiram reduzir seus volumes de extração em 1,16 milhão de barris diários, começando pela Arábia Saudita.
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O anúncio sacudiu o mercado, que esperava um status quo. Os sauditas "assinalaram publicamente e em particular", até o momento da reunião, "que não tinham a intenção de intervir por agora", lembraram os analistas da Eurasia Group.
O corte de produção anunciado no domingo por Iraque, Argélia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Cazaquistão e Kuwait começará a vigorar em maio e será mantido até o final do ano.
Por sua vez, a Rússia anunciou, no domingo, que prolongará o corte de produção em 500.000 barris diários até o final do ano.
Os anúncios aconteceram antes de uma reunião por videoconferência de um painel ministerial da aliança.
O grupo assegurou que se trata de "uma medida de precaução que aponta para sustentar a estabilidade de preços do mercado petrolífero".
Mas, para os analistas, trata-se, sobretudo, de obter "receitas" adicionais, comentou em nota Jorge Leon, da Rystad Energy.
Estes cortes mostram que a Opep+ fará tudo para "defender preços-base acima de 80 dólares o barril", sem se preocupar com as críticas dos Estados Unidos e de outros grandes consumidores preocupados com a inflação galopante, acrescentou o analista.
Devido à crise bancária, os preços do petróleo caíram em março para seu nível mais baixo em um ano, uma cota "inaceitável para os integrantes da Opep+", resumiu à AFP Ibrahim al-Ghitani, especialista do mercado petrolífero baseado nos Emirados Árabes Unidos.
Depois dessa decisão, o barril Brent do Mar do Norte, de referência na Europa, para entrega em maio, fechou em alta de 6,3%, a US$ 84,93 em Londres.
Já o West Texas Intermediate (WTI), de referência nos EUA, para maio, subiu 6,27%, a US$ 80,42 em Nova York.
Durante a jornada de hoje, os dois barris chegaram a subir mais de 8%.
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© Agence France-Presse