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Brigaderia faz sucesso em NY com ajuda de incubadora de microempresas

Brigadeiros brasileiros, da marca da Brigaderia, fazem sucesso em Nova York - Divulgação
Brigadeiros brasileiros, da marca da Brigaderia, fazem sucesso em Nova York Imagem: Divulgação

Golda Arthur

Repórter de Negócios, Nova York

14/01/2015 15h20

Em uma cozinha comunitária movimentada em Nova York, Paula Barbosa está cuidadosamente colocando brigadeiros, cobertos com nozes, em formas individuais em uma caixa dourada.

"É um doce tradicional no Brasil", explica ela.

Paula, de 34 anos, vende as iguarias no My Sweet Brigadeiro (Meu Doce Brigadeiro). Ela lançou a loja em 2011, poucos meses depois de se mudar do Rio de Janeiro para a Big Apple.

No outro extremo da longa mesa de metal está um tipo completamente diferente de culinária. Três mulheres, lideradas por Isabel Gunther, misturam legumes com macarrão de arroz branco em grandes tigelas.

Eles serão embalados para merenda escolar saudável, parte do negócio de Gunther, Little Green Gourmets.

As duas empresas estão alugando espaço e instalações em uma incubadora de culinária chamada Hot Bread Kitchen (HBK), com sede no bairro de East Harlem, em Manhattan.

Em uma cidade obcecada por comida, onde o espaço comercial alternativo é caro, estas incubadoras desempenham um papel vital ao ajudar culinárias start-ups a sair do papel.

Desde que abriu suas portas, em 2011, a HBK já ajudou cem pequenas empresas, que também têm acesso à aconselhamento empresarial.

'Uma loucura'

Paula vende a maior parte de seus brigadeiros online, mas também trabalha em alguns mercados de comida específicos. Ela estava em um desses mercados em 2011 quando seus brigadeiros receberam uma avaliação positiva do New York Times. Como resultado, choveram pedidos.

"Foi uma loucura - estávamos na moda e não estávamos prontos", diz Barbosa. "Nós nem sequer tínhamos uma máquina de cartão de crédito e estávamos dizendo 'sim' a todos. Por isso, decidimos alugar o espaço de cozinha e fazer isso da forma certa."

Hoje, ela diz que as encomendas continuam fortes. Seu best-seller é uma caixa de 30 brigadeiros, vendido a US$ 52 (cerca de R$ 140).

A HBK também é um negócio propriamente dito, fundado por Jessamyn Rodriguez.

Emprega 50 pessoas que trabalham em uma padaria e na seção da incubadora. Seus pães são vendidos no Whole Foods e em outros varejistas e mercados de Nova York.

"Tocamos uma padaria 24 horas próspera e em crescimento no mesmo espaço", diz Rodriguez.

"E isso é inspirador para os empresários, ver este cronograma de produção e entrega constante. Eles recebem a mensagem de que, se tudo correr bem, podem acabar como a gente."

A incubadora HBK cobra uma taxa anual de US$ 500 (cerca de R$ 1.300) para membros, que podem, então, alugar o espaço da cozinha por US$ 17 a hora (cerca de R$ 45), e serviços de aconselhamento de negócios de acesso sobre temas como a estrutura de preços e vendas pela internet.

Os empresários também conseguem fazer uma rede de contatos, o que cria uma comunidade colaborativa, diz Rodriguez.

Graça Moore, gerente de comunicações da HBK, acrescenta que a incubadora tem um critério específico para decidir quais start-ups de culinária serão aceitas.

"Pegamos empresas com uma ideia comprovada, pronta para crescer", diz ela. "Quando eles estão produzindo e vendendo por um ano, e sua cozinha em casa está explodindo, nós entramos."

Desenvolvimento de receitas

Michael Schwartz gerencia o Organic Food Incubator (OFI), com sede em Long Island City, no bairro de Queens, Nova York.

Ele lançou o centro em 2011 para fornecer a start-ups de culinária as instalações e os conselhos que ele lutou para encontrar quando lançou seu próprio negócio, o BAO Food and Drink.

"Quando começamos a BAO, em 2009, tivemos problemas intermináveis", diz Schwartz. "Não havia ninguém para nos dizer como obter o produto em uma loja, por exemplo. A pequena cena de clulinária era muito diferente [de como] é agora."

Ele acrescenta que o OFI oferece "tudo, desde o desenvolvimento de receitas a certeza de que seu rótulo é legal".

O centro agora incuba 60 empresas, com preços a partir de US$ 220 (cerca de R$ 580) para cinco dias.

Como qualquer incubadora de empresas tradicional, ela tem sua parcela de graduados de sucesso - os empresários que desenvolveram sua start-up com sucesso e deixaram a incubadora para expandir ainda mais.

A empresa de bebidas de Ariel Glazer, Kombrewcha, passou seus dois primeiros anos no OFI antes de, recentemente, se mudar para uma fábrica em New Hampshire.

A empresa faz um chá fermentado com um nível de álcool de 2%.

Ele diz que a incubadora lhe deu tempo e espaço para obter o produto certo antes de seu lançamento comercial.

"Quando você começa um negócio você não sabe no que está se metendo, e se você precisa de muito mais tempo para desenvolver o produto isso pode matar seu negócio", diz Glazer. "Ao fazê-lo por meio de uma incubadora, você não precisa colocar o capital inicial."

Comida local

Para ser capaz de atender à crescente demanda, Schwartz e Rodriguez planejam expandir suas instalações da incubadora. Enquanto isso, outras incubadoras de culinária estão surgindo em toda a cidade.

Schwartz dá créditos à crescente popularidade do movimento local de culinária - as pessoas que querem comprar comida que é cultivada e produzida localmente.

Rodriguez diz que o fato de que os amantes da gastronomia de Nova York estão sempre à procura do próximo "achado" também faz a diferença.

"Há um monte de bocas famintas aqui que estão procurando coisas da moda e a coisa mais nova que chega ao mercado", diz ela.

Em Nova York, pequenas start-ups de culinária são um grande negócio.