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Como a Tesla se tornou a montadora mais valorizada dos EUA vendendo poucos carros

Divulgação
Imagem: Divulgação

16/04/2017 16h29

O mundo das finanças está pronto para uma revolução na indústria automobilística e tudo aponta para que ela chegue pelas mãos da Tesla.

A empresa do bilionário inovador Elon Musk, que fabrica carros elétricos de luxo, foi colocada pela primeira vez como a montadora com o maior valor de mercado nos Estados Unidos, superando gigantes históricas da categoria, como a General Motors (GM) e a Ford.

Na verdade, é a primeira vez na era moderna que as fábricas automobilísticas mais valorizadas em Wall Street não são da cidade historicamente industrial de Detroit, mas do vanguardista e tecnológico Vale do Silício, na Califórnia.

As ações da Tesla cresceram 3,26% e atingiram o recorde de US$ 312,39 na segunda-feira. Seu valor de mercado atingiu US$ 50,8 bilhões, superando a GM em cerca de US$ 1 milhão.

Crescimento rápido

Durante o último mês, o valor das ações da Tesla cresceu 35%. As ações subiram ainda mais na segunda-feira depois de a empresa anunciar recordes de entregas de veículos nos primeiros três meses deste ano.

A empresa entregou mais de 25 mil unidades no primeiro trimestre, 70% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

Embora as vendas ainda estejam crescendo rapidamente, a Tesla ainda segue sendo pequena quando comparada à Ford, que vendeu cerca de 6,7 milhões de veículos em 2016, ou a GM, que entregou cerca de 10 milhões.

No mesmo período, a Tesla vendeu apenas 76.230 carros. Mas apesar de seus milhões em vendas desde 2013, o valor das ações da GM já caiu 20%.

A General Motors está cortando suas operações fora dos Estados Unidos e anunciou em março que iria transferir suas operações europeias.

A gigante história do automóvel também sofre porque seus modelos são cada vez mais dependentes da aquisição de tecnologia desenvolvida por outras empresas, o que deve reduzir o consumo de energia em seus veículos.

Expectativas

O mercado e especialistas financeiros acreditam que o fenômeno Tesla ocorre porque os investidores apostam que Musk revolucione o setor automotivo e de energia em pouco tempo.

Eles acreditam que o preço das ações da Tesla, que provou ser rentável durante anos, se justifica com base em expectativas de longo prazo depositadas na empresa.

Depois de dirigir um Tesla por sete meses, o analista de mercado automotivo Alexander Potter descreveu os produtos Tesla como "cativantes".

"A Tesla não é apenas mais uma empresa. Tesla gera otimismo, liberdade, desafio e uma série de outras emoções que, em nossa opinião, outras empresas não podem replicar", escreveu Potter em um relatório citado pela agência Reuters.

Já o analista de tecnologia energética da consultoria Robert W. Baird, Ben Kallo, disse que "cinco anos atrás, ninguém sabia o que era Tesla. Agora, as pessoas querem um Tesla. Roubou da BMW o posto de 'carro mais desejado'".

Kallo acrescentou que o carisma em torno do fundador e CEO da Tesla, Elon Musk, atrai pessoas talentosas e investidores.

"A Tesla tem mais coisas dentro daquelas quatro paredes do que sabemos", disse ele.

Também destaca a empresa a aquisição de uma fábrica de painéis solares e a instalação de uma fábrica de baterias em Nevada com o objetivo de reduzir custos de produção dos veículos em até 30%.

Essa fábrica, quando inaugurada, também será o maior edifício do mundo.

Céticos

Os céticos, no entanto, acreditam que os objetivos de crescimento da Tesla são pouco realistas e que a empresa corre o risco de ser superada de novo pela GM, Ford e outras fabricantes com "bolsos mais cheios", que podem apostar fortemente na área de carros elétricos.

Além disso, a capitalização de mercado da Tesla ainda é menor do que a da gigante japonesa Toyota, de US$ 173 milhões.

A Tesla anunciou que neste ano vai lançar o Modelo 3, que espera que ele seja vendido maciçamente por ser o único com um preço mais acessível no mercado dos EUA.

Motivos para otimismo não faltam no Vale do Silício.

Outro sinal de que gerou a confiança dos investidores foi a compra de uma participação de 5% da empresa feita pela empresa chinesa Tencent por nada menos do que US$ 1,78 bilhão.

Mas apesar de todos estes bons sinais, ainda não há certeza de nada e não se sabe ao certo se Elon Musk será para o mercado automotivo o que Steve Jobs foi para os celulares.