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O que leva cada vez mais empresas a apoiarem a Parada do Orgulho LGBT de Londres

iStock/ Pekic
Imagem: iStock/ Pekic

08/07/2017 17h08

Mas e quanto à comunidade LGBT? O que ela acha de todo esse apoio das empresas?

Jade Knight, de 44 anos, tem participado de celebrações de orgulho LGBT no Reino Unido nos últimos cinco anos. Ela defende essa aproximação com o mundo comercial. "Queremos chegar ao ponto em que identidades LGBT não sejam mais uma subcultura, mas sim algo tão aceitável socialmente quando ser heterossexual e cisgênero [termo referente a quem não é transgênero]", diz ela.

"As primeiras paradas do orguilho LGBT eram bagunça. Depois, viraram protesto político. Aí tornaram-se uma celebração da subcultura gay masculina. Estamos evoluindo. Não é suficiente ser algo apenas para pessoas LGBT. Mas [a participação de empresas no evento] é apenas uma promessa. [As empresas] precisam ajudar seus funcionários no outros dias do ano, ou isso não significará nada."

'Bom e ruim'

Scott Williams, de 40 anos, participa da parada do orgulho LGBT de Londres desde 1997. Ele está preocupado com seu rumo, cada vez mais próximo de empresas. "É algo bom e ruim. Permite que a comemoração aconteça, porque as empresas contribuem para pagar o custo da marcha e do evento. É bom ver as companhias apoiando seus funcionários LGBT", afirma ele.

"Mas, nas últimas duas em que estive, em vez de encontrar o espírito original da parada - um protesto por direitos iguais e visibilidade - parecia um imenso anúncio publicitário voltado para a comunidade LGBT."

Tilly Williams, frequentadora do evento há oito anos, acredita que é necessário um equilíbrio. "Acho que muitas marcas usam para fazer publicdade, sem qualquer senso de justiça social, o que não é o ideal", diz a jovem de 26 anos.

"Mas qualquer coisa que aumente a aceitação de questões LGBT pela sociedade é algo inerentemente bom. Gostaria de ter garantias de que essas empresas apoiam os direitos gays além da parada, de que agem duramente contra a discriminação internamente e se opõem visivelmente à políticas antigays."

Polly Shutte, da Pride in London, diz compreender essas preocupações, mas ressalta que a marcha é um dos poucos eventos grátis da festa do orgulho LGBT em Londres. "Queremos continuar assim, o mais inclusivos possível, mas alguém precisa pagar a conta. Essas empresas representam muitas pessoas - e é importante que apoiem essas comunidades no trabalho", afirma.

"E, apesar dos patrocinadores talvez terem mais visibilidade, 60% dos participantes da parada são de organizações de caridade e grupos comunitários. Ao trazer as empresas, mantemos o evento grátis e permitimos que esses grupos possam fazer campanha e festejar."

Natasha Scott, que faz parte de uma associação de médicos e dentistas LGBT, concorda. "O evento é, para mim, sobre aceitação e inclusão - um dia no ano em que você não precisa se preocupar em ser quem é", afirma.

"Infelizmente, para organizar algo tão grande em Londres nos dias de hoje custa dinheiro, e o patrocínio de empresas é necessário. É o ideal? Não. Mas se permite que a parada continue a conscientizar e a celebrar, então, acho que vale a pena."