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Em Londres, Meirelles defende austeridade: 'Aumentar custo da máquina não distribui renda'

Luis Barrucho

Da BBC Brasil em Londres

25/09/2017 19h30

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira (25) em Londres que "aumentar o custo da máquina não distribui renda". Segundo ele, o crescimento das despesas públicas nos últimos anos não reduziu a desigualdade social no Brasil.

"Nos últimos anos, o governo ficou cada vez maior, as despesas públicas ficaram cada vez maiores, e isso não melhorou a distribuição de renda no Brasil, piorou. O importante é fazer o contrário. Ter a condição de criar emprego, menos juros, menos inflação e mais renda", disse ele após uma palestra a estudantes na LSE (London School of Economics and Social Sciences), uma das mais prestigiadas universidades da capital britânica.

A declaração foi uma resposta a um questionamento da BBC Brasil sobre o relatório do braço brasileiro da ONG britânica Oxfam que critica medidas tomadas pelo atual governo. Segundo o estudo, divulgado nesta segunda-feira, a emenda do teto dos gastos, que limita as despesas públicas em 20 anos e é defendida por Meirelles, é "um largo passo atrás na garantia dos direitos".

A mesma pesquisa assinala que os seis maiores bilionários brasileiros concentram o mesmo patrimônio da metade mais pobre da população, ou 100 milhões de pessoas.

"O que estamos construindo um Brasil que cresça mais, que crie emprego e que, portanto, possa distribuir mais a renda. Uma das mais eficazes é criar emprego. Segundo, criar empregos cada vez melhores. E, por fim, criar uma condição macroeconômica que baixa a inflação, como baixou. A inflação penaliza os de renda menor, os que têm menor capacidade de defesa. Essa queda da inflação aumenta o poder de compra principalmente para os de renda menor", disse o ministro.

"O que existe é uma situação histórica no Brasil que não surgiu agora, e o que estamos fazendo é criar condições para o Brasil crescer." acrescentou.

Otimismo

Sobre eventuais planos de se candidatar a presidente no ano que vem, Meirelles afirmou não trabalhar com "hipóteses".

"Não tomo decisões previamente. Isso eu digo há muitos anos. Não trabalho com hipóteses. Não fico pensando no que poderá acontecer, no que faria. E por enquanto tem dado certo", disse.

Durante sua palestra, o ministro se mostrou otimista ao apresentar os dados de crescimento do Brasil. Questionado sobre por que, então, pediu dias atrás que as pessoas rezassem pela economia, ele disse ser importante "que todos colaborem à sua maneira".

"É importante que todos colaborem à sua maneira, cada um em seu lugar. O engenheiro tem de fazer cálculos, fazer plantas, o médico tem de curar as pessoas, os pastores, têm de orar, têm de conduzir, fazer suas pregações. Cada um tem de dar sua colaboração, dentro da sua função, do seu papel na sociedade", afirmou.

Na semana passada, circulou na internet um vídeo no qual o ministro aparece pedindo "uma oração pela economia". Na ocasião, a assessoria de Meirelles informou que as imagens foram gravadas de forma amadora e que ele desconhece o autor da edição, bem como o mote apresentado ao final.

Apesar de desconversar quanto a uma possível candidatura à Presidência no ano que vem, o ministro é visto como um nome forte dentro de seu partido, o PSD.

Questionado sobre a plataforma econômica já fazer parte de uma campanha sua, Meirelles disse que "não, isto aqui é meramente o que temos falado desde o início e já está produzindo resultado. A ideia é de que o Brasil volte a crescer e já está crescendo. O meu foco, 100% do tempo, é nisso".

Apostas

Segundo Meirelles, a Reforma da Previdência deve ser votada em "outubro ou em novembro".

Ele ligou a queda dos juros e da inflação à expectativa para a aprovação da reforma.

Se ela não ocorrer, disse o ministro, "80% do orçamento público será usado para a previdência e outros benefícios, e não teremos dinheiro para educação e saúde".