Ações da Petrobras em NY batem recorde anual durante julgamento de Lula
Vinte e três das 25 empresas brasileiras listadas na Bolsa de Nova York registram alta durante o julgamento do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, em Porto Alegre.
Com papel central nas investigações da operação Lava Jato, a Petrobras atingia, às 13h25 desta quarta-feira (horário de Nova York), seu maior valor nos últimos 12 meses, com alta de 6,6% em relação a terça-feira.
As ações da Eletrobras, cuja privatização foi prometida nesta quarta-feira pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para o primeiro semestre deste ano, registravam alta de 5,9% durante o julgamento.
A maior alta entre as empresas brasileiras na Bolsa de valores americana era da Companhia Siderúrgica Nacional, cujos ganhos chegaram a 7% na tarde desta quarta, nos Estados Unidos.
Para Kenneth Rapoza, analista de finanças da revista Forbes, "não há outra razão para as ações brasileiras subirem assim".
"O Brasil está registrando ganhos muito maiores que mercados emergentes, que China, Rússia e Índia", disse Rapoza à BBC Brasil.
"Olhando para a Petrobras, os papéis vinham registrando calmaria, mesmo quando o petróleo estava em alta, porque os investidores não têm certeza sobre os resultados de tantos processos judiciais", diz. "Agora, se Lula não puder ser eleito, acaba o medo de ele recuar nas medidas que tiraram a exclusividade da Petrobras de explorar o Pré-Sal"
Avaliação de investidores
A valorização das empresas brasileiras reflete a expectativa de investidores americanos por uma condenação de Lula, cuja candidatura é avaliada como um risco para as reformas implementadas pelo presidente Michel Temer.
Apesar das promessas de Lula de rever a reforma trabalhista e o teto de gastos, medida que limita o crescimento das despesas do governo federal por 20 anos, analistas ainda são céticos quanto às chances do ex-presidente conseguir por o plano em ação, caso possa concorrer a Presidência e seja eleito.
Em entrevista à BBC Brasil nesta terça-feira, o diretor para América Latina da consultoria Eurasia Group em Washington, Christopher Garman, disse que Lula não deve ter apoio maciço no Congresso, caso seja vitorioso.
"Se eleito, ele começará o governo em um momento muito polarizado, com rejeição na sociedade e no parlamento."
O cenário dificultaria a formação de uma base política capaz de votar contra as reformas do antecessor, na avaliação do especialista.
"Lula não deveria em um primeiro momento ter uma coalizão muito grande, e isso tornaria as possibilidades dele conseguir reverter a reforma trabalhista, por exemplo, muito pequenas."
Julgamento
Três desembargadores do Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, estão reunidos nesta quarta-feira para decidir se mantêm ou não a sentença do juiz Sergio Moro contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O petista foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de ter recebido um apartamento tríplex no Guarujá (SP) da empreiteira OAS como propina em troca de contratos fraudulentos com a Petrobras.
Lula nega a prática de crimes e seus advogados adiantam que recorrerão a instâncias superiores em caso de nova derrota nos tribunais.
A previsão é que o julgamento, que começou às 8h30, se estenda até a noite desta quarta-feira.
Se o ex-presidente for condenado, corre o risco de ser barrado da disputa presidencial pela Lei da Ficha Limpa. Mas ainda terá direito a recursos contra essa eventual decisão.
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