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Dinheiro pode 'comprar felicidade' - mas o preço e o limite dependem de onde você mora

Getty Images/iStockphoto/StockFinland
Imagem: Getty Images/iStockphoto/StockFinland

04/03/2018 16h58

Afinal, o dinheiro pode comprar a felicidade?

Segundo pesquisadores da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, a resposta é sim.

E mais: o "preço" da felicidade varia de acordo com as regiões do planeta e, a partir de um determinado nível, pode gerar "efeitos colaterais" conforme aumenta.

A pesquisa, denominada The Gallup World Poll e liderada por Andrew Jebb, envolveu mais de 1,7 milhão de pessoas de 164 países.

O "preço da felicidade" em diferentes partes do mundo 

Região

Renda

Global

US$ 95.000 (R$ 309.000)

Europa Ocidental/Escandinávia

US$ 100.000 (R$ 325.000)

Europa Oriental/Balcãs

US$ 45.000 (R$ 146.000)

Austrália/Nova Zelândia

US$ 125.000 (R$ 406.000)

Sudeste da Ásia

US$ 70.000 (R$ 227.000)

Leste da Ásia

US$ 110.000 (R$ 358.000)

América Latina/Caribe

US$ 35.000 (R$ 113.000)

América do Norte

US$ 105.000 (R$ 341.000)

Oriente Médio/Norte da África

US$ 115.000 (R$ 374.000)

África Subsaariana

US$ 40.000 (R$ 130.000)

Fonte: Jebb et al - 2018

(renda anual aproximada em US$/R$)

A média global

Os pesquisadores descobriram que uma renda de US$ 95 mil (cerca de R$ 309 mil) é a média global que leva a uma "avaliação de vida satisfatória".

A dita "avaliação de vida satisfatória" possivelmente é influenciada por expectativas altas e comparações com outras pessoas.

Um 'teto' para a felicidade

No entanto, Jebb e sua equipe notaram que, uma vez que o "preço" ideal era ultrapassado e o salário aumentava, havia uma associação com níveis mais baixos de satisfação.

Os pesquisadores suspeitam que esse efeito reverso é motivado por algum tipo de ansiedade social que emerge após as necessidades básicas serem atendidas.

As pessoas podem, por exemplo, começar a se comparar com seus colegas e vizinhos, o que causa mal-estar.

"O que vemos na TV e nos comerciais sugerem que não há teto para a quantidade de dinheiro necessária para a felicidade", diz Jebb, mas "nossos dados mostram que há limites para a influência do dinheiro no nosso bem-estar".

Ele também aponta para os "efeitos colaterais" dos níveis mais elevados de renda.

"Rendas mais altas normalmente vêm acompanhadas de maior demanda de tempo, trabalho e responsabilidade, o que pode limitar as oportunidades de experiências positivas, como atividades de lazer", explica o especialista.

Os pesquisadores da Universidade de Purdue também observaram que as metas de "felicidade financeira" eram bastante assimétricas entre as regiões.

As mais ricas figuravam entre os níveis mais elevados - América do Norte (US$ 105 mil, ou R$ 341 mil) e Europa Ocidental e Escandinávia (US$ 100 mil ou R$ 325 mil).

Os "preços" mais altos, entretanto, foram encontrados na Oceania (US$ 125 mil ou R$ 406 mil) e no Oriente Médio e Norte da África (US$ 115 mil ou R$ 374 mil).

Esses valores destoam radicalmente da América Latina e do Caribe, onde a felicidade pode ser "obtida" com US$ 35 mil (cerca de R$ 113 mil) por ano.

"Tais padrões de resultados sugerem que o nível de satisfação está relacionado com a riqueza média de uma região", diz Jebb.

"Mas eles também mostram que a felicidade não é construída da mesma forma em todo lugar e que outras variáveis têm importância. É importante observar que valores, e não só posses, por exemplo, também contribuem para o bem-estar."

Os pesquisadores também perceberam que a satisfação varia com a escolaridade e gênero: a renda média global ideal para mulheres ficou em US$ 100 mil (cerca de R$ 325 mil) e, para homens, US$ 90 mil (cerca de R$ 292 mil).