Crise na Venezuela: quais países compram o petróleo do maior produtor sul-americano?
O petróleo domina a economia da Venezuela e representa praticamente a totalidade de suas receitas de exportação.
Mas, na última década, a produção do recurso entrou em colapso e o país mergulhou em uma profunda crise econômica.
Recentemente, os Estados Unidos impuseram duras sanções à indústria petrolífera venezuelana com o objetivo de pressionar o presidente, Nicolás Maduro, a renunciar.
Afinal, quais são os impactos destas sanções e que países estão comprando o petróleo venezuelano agora?
Quais são as sanções?
As sanções impedem que empresas americanas façam negócios com a PDVSA, petroleira estatal venezuelana, e congela os ativos da companhia nos Estados Unidos.
Essas medidas não eliminam totalmente as importações, mas exigem que os pagamentos sejam feitos em contas que a PDVSA não pode acessar.
Analistas consultados pela BBC Mundo afirmam que, devido às sanções, o governo venezuelano não tem como se beneficiar da venda de petróleo para os Estados Unidos, já que não pode tocar no dinheiro.
As sanções também afetaram o acesso aos produtos químicos necessários para processar o petróleo.
O petróleo bruto pesado da Venezuela é quase sólido quando sai do solo, o que não permite que seja escoado pelos oleodutos.
Ele precisa de diluentes químicos, como nafta, para ser transformado em uma substância mais leve que pode finalmente ser exportada. Mas as sanções impedem que empresas americanas exportem diluentes para a Venezuela.
O país precisa importar essa substância e, nos últimos anos, seu fornecedor era os Estados Unidos, lembra Shannon O'Neil, pesquisadora sênior de Estudos sobre a América Latina na organização Council on Foreign Relations.
A empresa russa Rosneft está ajudando agora a preencher essa lacuna específica.
Para onde vai o petróleo da Venezuela agora?
Atualmente, há petroleiros com capacidade de 10 milhões de barris de petróleo parados na costa venezuelana, de acordo com a Kpler, que monitora as commodities.
Originalmente, eles eram destinados aos Estados Unidos, mas agora estão "encalhados" como consequência das sanções.
O governo venezuelano está procurando novos compradores e afirma que pretende dobrar as remessas para a Índia.
Mas, embora tenha havido um aumento recente nas exportações para os indianos, não é substancial a ponto de suprir a lacuna americana, diz Samah Ahmed, analista de petróleo bruto da Kpler.
As exportações para a China também não são animadoras e, na verdade, diminuíram devido ao declínio geral na produção na Venezuela.
Vender mais petróleo para a Ásia também aumentaria os custos com transporte, uma vez que os portos na Venezuela não estão bem equipados para carregar petroleiros capazes de viajar longas distâncias.
Mesmo assim, há uma grande demanda por petróleo pesado como o encontrado na Venezuela.
Atualmente, há uma escassez global do recurso após o retorno das sanções ao petróleo iraniano, enquanto os baixos níveis de produção no Canadá, no México e em países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) também afetaram a reserva global.
Os importadores dos EUA vão precisar encontrar novos fornecedores de petróleo pesado, que é usado para produzir diesel e combustível de aviação.
"A crise venezuelana tornou o petróleo pesado mais caro para os EUA", diz a analista Paola Rodriguez-Masiu, consultora de petróleo e gás da Rystad Energy.
Mas isso não ajuda a Venezuela a encontrar novos mercados para seu principal produto em um momento de grande crise econômica e política.
Tudo indica que as sanções continuarão a atingir o país duramente.
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