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EUA: Maconha nas prateleiras das lojas do Colorado cria nicho no transporte de cargas

Katherine Chiglinsky

06/04/2015 13h24

(Bloomberg) -- Em uma fazenda no sopé das Montanhas Rochosas, no Colorado, Corey Young acondiciona a maconha de seu cliente dentro de um recipiente do tamanho de uma caixa de sapatos em uma van branca sem logotipo e dirige até a estrada.

"Não queremos passar por uma cidade pequena e que alguém veja as caixas na parte traseira", disse Young, fundador do serviço de correio CannaRabbit LLC. "Não queremos destaque, de jeito nenhum".

Young quer se esconder não porque a maconha seja contra a lei. O estado americano do Colorado iniciou a venda autorizada de maconha para uso recreativo no ano passado. O sigilo tem por objetivo garantir a segurança dos motoristas responsáveis pelo transporte de cargas que são vendidas por até US$ 220 a onça (medida equivalente a 28,34 gramas).

A CannaRabbit e outras empresas semelhantes estão acelerando o passo em um momento em que os caminhoneiros da região e transportadoras nacionais como a United Parcel Service Inc. e a FedEx Corp. evitam preocupações com a falta de liberação no país em relação a uma prática que ainda é ilegal na maioria dos estados dos EUA.

"Realmente não se vê o surgimento de novos tipos de setores como esse muito frequentemente", disse Povilas Grincevicius, porta-voz da Absolute Security Personal Protection, com sede em Denver, outro serviço de correio para empresas do ramo de maconha do estado. "Esta é uma daquelas oportunidades únicas na vida".

Os correios fazem mais do que transportar maconha para a rede estadual de mais de 800 agricultores, produtores, distribuidores e laboratórios. O setor continua operando em grande parte apenas com dinheiro vivo porque os bancos da esfera federal, têm se mostrado hesitantes em estender os créditos para um comércio que as autoridades dos EUA podem considerar contra a lei.

Inspiração em Bob Dylan

É por isso que os veículos sem logotipo como a van da CannaRabbit são um trunfo. Young, 42, disse que havia trabalhado em uma fazenda produtora de maconha chamada Maggie's Farm LLC, nome dado em alusão à canção de 1965 de Bob Dylan, que fica perto de Canon City, na direção sul. A Maggie's Farm estava entregando seus próprios produtos para as lojas quando "os laboratórios começaram a nos usar para ir buscar suas amostras", disse ele. "Eles confiaram em nós para manter as coisas sem distúrbios".

Young disse que quando a demanda cresceu ele criou a CannaRabbit com um sócio e em 2014 eles juntaram forças com a Security Grade Protective Services Inc. Os 20 funcionários da empresa atualmente trabalham para 60 clientes por semana.

A indústria da maconha gerou vantagens para o Colorado, que tem expectativa de receber US$ 87,3 milhões em receitas tributárias oriundas da erva no próximo ano fiscal. A Divisão de Aplicação da Lei à Maconha do estado emitiu cerca de 340 licenças para lojas de maconha para uso recreativo desde a votação pela legalização em 2012, segundo seu site.

Mais empregos

Os empregos no cultivo, na produção e nas vendas do produto aumentaram 14 por cento no primeiro trimestre de 2014 em relação ao final de 2013, disse Alexandra Hall, economista-chefe do Departamento de Trabalho e Emprego do Colorado, por e-mail no dia 9 de março. Isso não inclui o impacto dos empregos indiretos que servem o setor, como os correios, disse ela.

Para que a atividade funcione será necessário que mais empresas da indústria da maconha recorram aos correios profissionais e desistam de transportar seu dinheiro e seu produto de alto valor por conta própria, disse Michael Julian, CEO da MPS International. A MPS é uma fornecedora, em Denver, de serviços de guardas e carros blindados para o setor.

"É uma estupidez que alguém sem treinamento em segurança, sem treinamento para dirigir, sem treinamento de vigilância, em um Honda Accord 1999 trafegue pela cidade com US$ 200.000 em dinheiro", disse ele. "É uma tolice".

Título em inglês: Marijuana on Store Shelves Creates Colorado Cargo-Hauling Niche

Para entrar em contato com o repórter: Katherine Chiglinsky, em Nova York, kchiglinsky@bloomberg.net.