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Presidente do Banco da Inglaterra poderia fazer algo não visto desde 1949

Jennifer Ryan

01/02/2016 14h14

(Bloomberg) - Mark Carney, este é Thomas Catto.

Como presidente do Banco da Inglaterra (BOE na sigla em inglês) de 1944 a 1949, Catto não mudou nunca as taxas de juros durante o exercício inteiro do cargo. Por como a perspectiva está indo, Carney poderia ser o próximo a receber essa distinção.

Taxas negativas do Banco do Japão e advertências do Federal Reserve sobre a economia global reforçam tanto uma sensação de cautela entre os bancos centrais quanto a perspectiva de que as taxas no Reino Unido não sejam alteradas de 0,5% no futuro próximo.

Além disso, as pressões inflacionárias são tão fracas que os investidores adiaram as apostas em uma alta de um quarto de ponto percentual para os primeiros três meses de 2018, pouco antes da data marcada para o fim do mandato de Carney.

"Não é impossível que Carney vá embora sem subir as taxas", disse Philip Shaw, economista da Investec Securities em Londres. "Não é preciso ir muito além do que o mercado está dizendo agora para ver o fim do mandato dele coincidir com a falta de aumentos, ainda que não seja nossa previsão central".

Opções

Carney tem outras opções para evitar se transformar no próximo Catto - na semana passada, ele insinuou no Parlamento que poderia tentar prolongar seu mandato para os oito anos completos permitidos pela legislação. Quando ele chegou, vindo do Banco do Canadá, em julho de 2013, ele disse que só ficaria cinco anos.

Todos os economistas consultados pela agência de notícias Bloomberg prenunciam que a taxa principal seja mantida na quinta-feira em 0,5%, onde está desde março de 2009.

Como Carney se prepara para apresentar as novas previsões do Comitê de Política Econômica (MPC, na sigla em inglês) com a decisão, ele estará ciente da mudança considerável nos futuros da taxa Sonia ocorrida a partir do começo do ano, quando os investidores apostaram em um aumento de um quarto de ponto para novembro de 2016.

O MPC provavelmente diminuirá suas projeções de crescimento e inflação para 2016.

Pressões globais e domésticas vêm se acumulando contra o BOE. Os preços do petróleo caíram 30% desde que o banco publicou projeções pela última vez, em novembro, e os efeitos da desaceleração da China têm turvado os mercados globais.

No Reino Unido, os dados sobre salários têm sido particularmente decepcionantes. O crescimento da remuneração básica voltou ao nível mais fraco desde fevereiro. Os preparativos para a votação sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia também estão criando um vento contrário.

Cautela

"Houve uma sequência de atitudes conciliadoras, mas os dados não têm sido unívocos", disse Simon Wells, economista do HSBC em Londres e ex-funcionário do BOJ. "Eles mostrarão cautela na quinta-feira, mas não acho que eles necessariamente queiram confirmar as atuais expectativas do mercado".

Um índice de produção fabril no Reino Unido subiu inesperadamente para o valor mais alto em três meses em janeiro, disse a Markit Economics na segunda-feira.

Outro relatório mostrou que o número de hipotecas aprovadas aumentou em dezembro. Um indicador do setor de serviços será publicado na quarta-feira, o qual revelará ao MPC mais dados sobre a economia, que ganhou impulso no final de 2015.

Sam Tombs, economista da Pantheon Macroeconomics em Londres, antecipa que o BOE elevará nesta semana suas previsões de inflação no médio prazo devido a quedas na libra esterlina e nas taxas do mercado. O fato de as apostas dos investidores serem para um período muito distante no tempo cria o risco de um Relatório de Inflação /de tom duro.

"Como a economia está lutando por adquirir impulso e os preços dos ativos têm estado voláteis recentemente, ele não quer sacudir os mercados", disse Tombs. "Mas o MPC claramente não espera ficar parado por mais dezoito meses, como os mercados antecipam agora".