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Usinas podem aumentar produção açúcar Brasil com queda do real

Isis Almeida

01/02/2016 13h04

(Bloomberg) -- A produção de açúcar no centro-sul do Brasil, principal região de cultivo do maior produtor do mundo, vai se recuperar neste ano devido à queda do real, aumentando os ganhos da commodity (matéria-prima) que é vendida em dólares dos EUA, de acordo com a Copersucar, cooperativa açucareira com 37 usinas.

A produção na região vai aumentar em cerca de 3 milhões de toneladas para 33 milhões de toneladas neste ano, disse Paulo Roberto de Souza, CEO da empresa com sede em São Paulo, em uma entrevista no domingo na Dubai Sugar Conference, um evento privado do setor.

As usinas estão aproveitando que a moeda brasileira está mais barata e já venderam cerca de 60% da produção, disse ele.

As chuvas provocadas pelo El Niño reduziram a colheita na região centro-sul do Brasil e a produção da temporada que termina em março ficou 4,3% abaixo da produção do ano anterior, de acordo com dados da Unica.

A crise política e econômica do Brasil fez com que o real caísse mais de 30% no ano passado, segundo pior desempenho em uma cesta com 24 moedas de mercados emergentes acompanhadas pela agência de notícias Bloomberg.

Mais açúcar

Souza, da Copersucar, diz que analisando a curva de preço em reais e o preço do etanol, o indicador de preços aponta para mais produção de açúcar. Ele também é membro do conselho da Alvean, uma joint venture da Copersucar e Cargill e a maior comercializadora de açúcar do mundo. Souza vê a matriz mais inclinada para o açúcar.

Os futuros do açúcar negociados em Nova York subiram em 2015 pela primeira vez em cinco anos, impulsionados pela menor produção do Brasil e pelas perspectivas de escassez mundial.

O ganho de 5% fez com que a commodity tivesse o terceiro melhor desempenho no indicador Standard & Poor's GSCI de 24 matérias-primas. Os preços caíram 14% neste ano, para US$ 0,1311 por libra, porque os fundos abandonaram as commodities.

O aumento da produção de açúcar no Brasil será compensando por safras menores no restante do mundo, inclusive na Índia e na Tailândia, de acordo com a Copersucar.

A produção mundial ficará 5,5 milhões de toneladas abaixo do consumo no ano que termina em setembro e projeta-se um déficit de 6,2 milhões de toneladas para o ano seguinte, de acordo com estimativas da Olam International, um dos maiores investidores de alimentos do mundo.

Souza estima que o preço médio deste ano será de USS 0,15 por libra. Ele não vê mais produção vinda da Índia e Tailândia. O Brasil, segundo ele, está chegando com apenas 3 milhões de toneladas a mais e com muito pouco estoque remanescente de etanol.

Perspectiva de preço

Os preços do açúcar continuarão voláteis neste ano, variando de US$ 0,13 a US$ 0,17 por libra, e o clima será fundamental para determinar como a produção do Brasil vai avançar, disse Souza. As chuvas trazidas pelo El Niño atrapalharam a colheita no segundo semestre de 2015, mas o contrário poderia acontecer neste ano se esse evento climático se estender até março e abril, disse ele.