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Com Reino Unido dentro ou fora da UE, libra deve se desvalorizar

Lukanyo Mnyanda e Manisha Jha

09/02/2016 13h48

(Bloomberg) - A projeção mais pessimista em relação à libra esterlina diz que a moeda perderá 17% neste ano. E isso se a Grã-Bretanha continuar fazendo parte da União Europeia.

A estimativa feita pelo Svenska Handelsbanken não é exatamente um caso isolado.

As três projeções mais pessimistas seguintes em uma pesquisa da agência de notícias Bloomberg sobre a libra preveem quedas de pelo menos 8% a patamares vistos pela última vez em 1985, e todas essas estimativas se baseiam no pressuposto de que os cidadãos optarão por continuar na União Europeia no próximo referendo.

Isso sugere que, se eles estiverem errados, os declínios poderiam ser muito piores. A libra enfraqueceu 2% em relação ao dólar em 2016 em meio à especulação de que a turbulência do mercado internacional impediria que o Banco Central da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês) elevasse as taxas de juros no curto prazo.

E o "brexit"- termo utilizado para designar a saída da Grã-Bretanha da União Europeia - está longe de ser uma possibilidade remota. Uma pesquisa realizada na semana passada revelou um apoio maior para a saída do que para a permanência, e é provável que o resultado seja definido pelos eleitores indecisos.

"O 'brexit' seria uma situação sem precedentes - a libra poderia se mover muito rapidamente", disse Georgette Boele, estrategista do ABN Amro Bank em Amsterdã. O banco holandês tem a quarta previsão mais pessimista em relação à libra, com uma estimativa de US$ 1,33 para o fim do ano, em comparação com US$ 1,4436 às 9h20 desta terça-feira, horário de Londres.

Assim como os outros pessimistas, grupo que inclui também o Bank of America e o Saxo Bank, o ABN Amro não nega que a perspectiva de que a Grã-Bretanha saia do maior mercado único do mundo está prejudicando a libra.

Do grupo, apenas o Saxo aparece nos últimos rankings da Bloomberg dos analistas mais exatos quanto às taxas de câmbio entre a libra e o dólar e entre a libra e o euro.

"É muito difícil dizer quanto nossa projeção cairá" se a Grã-Bretanha sair da UE, "mas ela vai ficar abaixo de US$ 1,33", disse Boele.

Riscos 'exagerados'

A perspectiva alarmante de que o BOE siga o exemplo do Federal Reserve e comece a elevar os juros é o que mais impulsionará a libra, não o temor de que a Grã-Bretanha saia da UE, disse Claes Mahlén, diretor de estratégia de trading do Handelsbanken em Estocolmo.

A previsão do banco sueco de que a libra chegará a US$ 1,20 no fim do ano é a mais pessimista das 58 estimativas compiladas pela Bloomberg e coloca a libra no patamar mais baixo desde maio de 1985.

Embora o receio do 'brexit' esteja prejudicando a libra, a perspectiva de que a Grã-Bretanha de fato saia do bloco comercial é "exagerada", disse Kamal Sharma, estrategista do Bank of America em Londres. Ele é o terceiro mais pessimista e projeta que a libra chegará a US$ 1,32 no fim do ano.

A queda da libra frente ao euro neste ano foi ainda mais acentuada que a desvalorização em relação ao dólar. A libra caiu quase 5 por cento em relação à moeda comum e, na terça-feira, chegou ao valor mais baixo em 13 meses, 77,87 pence por euro.

A mediana das projeções para o fim do ano feitas pelos analistas consultados pela Bloomberg coloca a libra 7% mais forte, a 72 pence por euro, e quase 3% mais alta, a US$ 1,48.

O Saxo Bank prevê uma queda para US$ 1,30 neste ano, provocada principalmente pela volatilidade dos mercados, que reduz as perspectivas de aumento dos juros no Reino Unido.

Mesmo se acontecesse, o "brexit" não teria um efeito duradouro sobre a libra, disse John Hardy, diretor de estratégia cambial do banco em Hellerup, na Dinamarca.

"Claro, é um risco", disse ele. "Mas acho que seria um risco negativo único. Uma reação impulsiva".