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Cryan diz que Deutsche Bank está "sólido" em meio a temores do capital

Nicholas Comfort e Ambereen Choudhury

09/02/2016 14h32

(Bloomberg) - O co-CEO do Deutsche Bank, John Cryan, disse aos funcionários que o maior banco da Alemanha está "sólido", quando a preocupação dos investidores sobre capital e fundos levaram a quedas no valor de suas ações e títulos.

Em um memorando na terça-feira, Cryan escreveu que o credor com sede em Frankfurt tem uma posição de capital e risco "fortes" e "aproveitou essa força para tranquilizar o mercado sobre nossa capacidade e compromisso de pagar cupons aos investidores" que detêm o capital Tier 1 adicional do banco. Os comentários foram feitos poucas horas depois de o diretor financeiro Marcus Schenck afirmar à equipe que o banco é capaz de cumprir as obrigações sobre as notas, tanto neste ano quanto no próximo.

Cryan, 55 anos, tem procurado aumentar os amortecedores de capital e rentabilidade, reduzindo custos e eliminando milhares de empregos quando mercados voláteis minam receitas e investigações regulatórias pendentes levantam o espectro de medidas de capital novo para ajudar a cobrir encargos legais contínuos. O custo de proteção da dívida do Deutsche Bank contra a inadimplência mais que dobrou este ano, enquanto as ações caíram cerca de 39 por cento.

"Cryan fará tudo em seu poder para tentar evitar" um aumento do capital, disse Christopher Wheeler, analista da Atlantic Equities, em entrevista à Bloomberg Television na terça-feira. "É realmente uma questão de quantos litígios eles terão que resolver e se realmente podem começar a gerar alguns ganhos fundamentais em seu banco de investimento".

As ações caíram 5,2 por cento, para 13,11 euros às 15h22 em Frankfurt depois de caírem até 12 por cento na segunda-feira. O custo para proteger contra perdas sobre a dívida mais arriscada do banco atingiu o nível mais alto desde o auge da crise da dívida da Europa em 2011, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O Deutsche Bank e seus rivais europeus, incluindo o Credit Suisse Group e Barclays estão apanhando com a queda no mercado global, bem quando embarcam em revisões ambiciosas de suas unidades de títulos. A forte queda está complicando a tarefa ao reduzir a receita dos bancos de investimento e deixando setores do negócio mais caros para crescer, prejudicando os esforços para conseguir mais ganhos de capital.

Janeiro marcou o pior início de ano para bonds subscritos na Europa Ocidental desde 2008, enquanto que a taxa de bonds de alto yield caiu 78 por cento desde o ano passado, segundo dados compilados por Freeman Co. As vendas de ações na Europa, Oriente Médio e África caíram 60 por cento até agora este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. Ações dos três bancos de investimento caíram pelo menos 25 por cento desde o começo do mês, colocando-os na metade inferior do Índice Bloomberg de Bancos Europeus e Serviços Financeiros da Europa com 39 empresas.

O Deutsche Bank disse em um comunicado na segunda-feira que há como pagar cerca de 1 bilhão de euros em 2016, o suficiente para cobrir cerca de 350 milhões de euros em cupons Tier 1 adicionais com vencimento em abril. A estimativa da capacidade de pagamento em 2017 é de cerca de 4,3 bilhões de euros, impulsionada em parte pelas receitas provenientes da venda anunciada de uma participação no Hua Xia Bank, disse o credor. A estimativa de 2017 é antes de qualquer resultado de lucros ou prejuízos de 2016.

Mercado em queda

A declaração fez pouco para reverter uma queda forte nos mercados de crédito. O custo de proteger a dívida subordinada do Deutsche Bank subiu pelo oitavo dia. Swaps de crédito aumentaram um ponto base, para 440 pontos base, o nível mais alto desde novembro de 2011, de acordo com dados compilados pela Bloomberg com base nos preços de fechamento de Londres.

Os US$ 1,5 bilhão em notas de 7,5 por cento do banco caíram 2 centavos de dólar para um recorde de 73 centavos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O interesse no curto prazo no Deutsche Bank subiu para quase 2 por cento de ações em circulação de cerca de 0,5 por cento em meados de janeiro, de acordo com dados compilados pela Markit.

Esforços de Cryan

Desde que assumiu no ano passado, Cryan se comprometeu a aumentar a rentabilidade, reduzindo partes do negócio de dívida da empresa e com a venda do Deutsche Postbank, que faz empréstimos aos consumidores alemães. Seus esforços foram prejudicados pelo aumento de custos ligados à má conduta do passado, com o Deutsche Bank acumulando mais despesas para litígios e multas desde o início de 2008 do que qualquer outra empresa financeira no continente.

A razão da common equity Tier 1 do Deutsche Bank, uma medida de solidez financeira, caiu para 11,1 por cento no final de 2015 dos 11,5 por cento no final de setembro.

Título em inglês: Cryan Says Deutsche Bank 'Rock Solid' Amid Capital Fears

Para entrar em contato com os repórteres: Nicholas Comfort, em Frankfurt, ncomfort1@bloomberg.net; Ambereen Choudhury, em Londres, achoudhury@bloomberg.net