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DAX alemão precisa de mais que uma recuperação do Deutsche Bank

Roxana Zega

11/02/2016 12h30

(Bloomberg) -- A recuperação de um dia das ações alemãs não está sendo suficiente para eliminar as preocupações com aquele que se tornou um dos mercados acionários de pior desempenho do mundo.

Até quarta-feira (10), o DAX Index caiu 16% no ano, registrando um prejuízo que supera em até sete pontos percentuais os declínios registrados na França, no Reino Unido e na Suíça.

A bolsa caía mais 3,1% às 9h40 em Frankfurt. Os investidores estão tirando seu dinheiro de um fundo negociado em bolsa que monitora as ações alemãs ao ritmo mais rápido desde agosto.

Nesta semana, os temores relacionados à solvência do Deutsche Bank se somaram às crescentes preocupações com a desaceleração da economia global.

Devido aos laços íntimos da Alemanha com a China, seu maior parceiro comercial fora da Europa, o país tem mais a perder que outros da região. As ações de fabricantes de veículos como BMW, Volkswagen e Daimler já caíram mais de 23% neste ano devido ao enfraquecimento da demanda no país asiático.

"O petróleo e a China ainda são um risco e um motivo de preocupação, mas temos outros riscos de bases mais amplas para observar agora e o Deutsche Bank é apenas um deles", disse Alex Neil, chefe de negociação de ações e derivativos do EFG Bank em Genebra.

"Para onde quer que se olhe na economia global nos próximos meses haverá mercados mais atraentes que a Alemanha".

Embora apenas uma dúzia, aproximadamente, dos 93 indicadores acionários monitorados pela agência de notícias Bloomberg tenham subido neste ano, a Alemanha se destaca pela magnitude de seus prejuízos. ]

Depois de ficarem entre as favoritas dos investidores em 2015, nenhuma das 30 ações da DAX subiu neste ano. Na quarta-feira, o indicador fechou em um valor 27% abaixo do pico registrado em abril.

Extração

O Deutsche Bank chegou a cair 41% após o aumento do temor de que o banco teria dificuldades para cumprir as obrigações de dívida. Mesmo após o maior aumento desde 2011 na quarta-feira, a ação continua tendo o pior desempenho do DAX neste ano.

Outro fator de pressão é o euro, que impulsionou a alta do ano passado para um nível recorde e com o qual os investidores contavam para obter mais ganhos em 2016.

A moeda se recuperou, tornando os exportadores menos atraentes. E mesmo que a economia do país tenha projeção de expansão de 1,8% neste ano -- maior que a da zona do euro --, a desaceleração das encomendas fabris e da produção industrial estão aumentando o ceticismo em relação à eficácia do programa de estímulos do Banco Central Europeu.

O resultado é que os investidores vêm sacando dinheiro dos maiores fundos que monitoram ações alemãs neste mês, incluindo US$ 360 milhões do iShares MSCI Germany ETF, que agora caminha para sua maior saída de capital desde agosto.

Perda da confiança

A forte queda está tornando as empresas do DAX mais atraentes, segundo Christian Stocker, do UniCredit Bank. O índice alemão é negociado a 11,2 vezes os lucros estimados, quase 20% abaixo do Stoxx Europe 600 Index.

"Estamos em níveis nos quais os investidores estratégicos têm uma boa oportunidade", disse Stocker, um estrategista do UniCredit em Munique.

"Os mercados estão realmente nervosos e as más notícias do setor bancário se baseiam mais no sentimento negativo do que em fatos negativos. A economia simplesmente não está tão mal quanto as pessoas temem atualmente. O mercado alemão ainda é um dos melhores da Europa".

Contudo, os investidores de longo prazo perderam a confiança no mercado, segundo Valérie Gastaldy, estrategista técnica e sócia da Day by Day SAS em Paris. Ela aponta para o fato de que o DAX caiu abaixo de sua média de movimentação para 200 dias em uma base semanal.

"A média de movimentação para 200 dias é o preço médio pago pelos investidores de longo prazo -- eles lidam com muito dinheiro e não compram e vendem de uma vez", disse Gastaldy.

"A violação desse nível acrescenta uma pressão pessimista. Estamos tendo uma recuperação de curto prazo que poderá durar alguns dias, mas temos sinais de vendas a médio prazo em todas as partes na Europa. Isso não parece muito positivo".