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Até mesmo os otimistas subestimaram os avanços do ouro em 2016

Eddie van der Walt

12/02/2016 13h32

(Bloomberg) -- Nem mesmo todos os cérebros somados dos maiores distribuidores de ouro, refinadores e banqueiros de investimentos puderam imaginar o quanto o metal precioso subiria neste ano.

A esta altura de 2016, os preços ultrapassaram três quartos das projeções de pico de uma pesquisa de meados de janeiro da Associação do Mercado de Lingotes de Londres (LBMA, na sigla em inglês), cujos membros operam no maior mercado à vista do metal.

O ouro teve um desempenho superior ao de todas as outras commodities neste ano e também ao da maioria dos mercados de ações e de títulos, após cair por três anos seguidos.

Os investidores têm confiado no metal precioso em busca de um refúgio em um momento de queda dos mercados internacionais de ações e de contenção nas expectativas por aumentos nas taxas de juros dos EUA.

O ouro subiu na quinta-feira e atingiu o maior valor em um ano, acima de US$ 1.263 a onça, em um determinado momento apresentando o maior aumento desde a crise financeira global, em 2008.

No mês passado, os especuladores apostavam que os preços cairiam e bancos como o Goldman Sachs Group projetavam um valor de US$ 1.000. Os preços caíam 0,3% nesta sexta-feira (12), para US$ 1.242,65.

"Eu tenho sido muito pessimista, mas para mim há uma mudança de tendência", disse Georgette Boele, estrategista do ABN Amro Bank em Amsterdã, por e-mail, na quinta-feira.

"Nossas projeções estão sendo reavaliadas". Georgette, cujos calls pessimistas a colocaram entre os analistas mais precisos dos rankings compilados pela agência de notícias Bloomberg, projetava até a última segunda-feira uma queda para US$ 1.130 neste mês.

Superando seus pares

Na pesquisa da LBMA do mês passado, apenas oito dos 31 membros consultados consideraram um preço máximo acima de US$ 1.250 para o ano.

A estimativa média do pico deste ano foi de US$ 1.231, enquanto o preço médio para 12 meses foi projetado em US$ 1.103.

O ouro subiu 16% neste ano, superando todos os seus pares do Bloomberg Commodity Index, assim como os mercados internacionais de ações e títulos.

Christopher Cruden, que administra US$ 350 milhões como CEO da Insch Capital Management, tirou vantagem do ganho.

Seu fundo subiu mais de 18% em janeiro e mais de 15% em fevereiro negociando ouro em contraposição a uma série de moedas.

"Se você não consegue fazer uma jogada como essa, precisa buscar outro emprego", disse Cruden.

Menos de zero

Embora o metal não gere outros retornos além dos aumentos de preços, trata-se de um negócio melhor do que certas dívidas soberanas.

O ouro não parece tão ruim em um momento em que as taxas estão abaixo de zero na França, na Alemanha, no Japão e na Suíça, segundo a Bloomberg Intelligence.

O BullionVault, um serviço de operação online de Londres, disse que seus usuários haviam comprado e vendido mais de 450 quilos de ouro na quinta-feira na semana mais movimentada da empresa desde junho de 2013.

"O nível de incerteza aumentou e isso pegou muita gente de surpresa", disse René Hochreiter, da Noah Capital Markets (Pty), que esteve entre os analistas mais precisos de 2015 e havia estimado que os preços chegariam a um pico de US$ 1.150 neste ano.

"O ouro rompeu sua tendência de queda, por isso as coisas poderão ficar muito interessantes de agora em diante".