Arábia Saudita e Rússia concordam em congelar produção atual petróleo
(Bloomberg) -- A Arábia Saudita e a Rússia concordaram em congelar a produção de petróleo perto de níveis recordes. Foi a primeira decisão coordenada dos dois maiores produtores do mundo para reagir à queda que afundou economias, mercados e empresas.
Embora o acordo seja preliminar e não inclua o Irã, trata- se da primeira cooperação significativa entre a Opep e produtores de fora do grupo em 15 anos e a Arábia Saudita disse que está aberta a outras medidas. O petróleo reduziu os ganhos depois que o acordo foi anunciado, sinalizando que os traders não veem um fim imediato ao excesso mundial da oferta.
O acordo para fixar a produção nos níveis de janeiro inclui o Catar e a Venezuela e é o "início de um processo" que pode exigir "outros passos para estabilizar e melhorar o mercado", disse o ministro saudita do Petróleo, Ali Al-Naimi, em Doha na terça-feira depois das negociações com o ministro russo de Energia, Alexander Novak. O Catar e a Venezuela também concordaram em participar, disse ele.
A Arábia Saudita resistiu a fazer qualquer corte de produção para elevar os preços em relação ao menor nível em 12 anos, argumentando que simplesmente perderia participação de mercado, a menos que seus rivais também concordassem em reduzir as ofertas. Os comentários de Naimi podem continuar alimentando a especulação de que os maiores produtores de petróleo do mundo tomarão medidas para reanimar os preços.
"O fato de termos concordado com um potencial congelamento da produção é simplesmente o começo de um processo" para os próximos meses, disse Naimi a repórteres. "Não queremos grandes oscilações nos preços. Não queremos uma redução da oferta. Queremos atender à demanda. Queremos que o petróleo tenha um preço estável".
Queda dos preços
Mais de um ano desde que a Opep decidiu não reduzir a produção para aumentar os preços, o petróleo continua cerca de 70 por cento abaixo do pico registrado em 2014. A oferta ainda excede a demanda e os estoques mundiais recordes continuam aumentando, o que poderia levar os preços para menos de US$ 20 o barril antes que a crise termine, disse o Goldman Sachs na semana passada.
Embora Novak tenha dito que analisaria os cortes caso outros países também participassem, a Rússia enfrenta obstáculos significativos para implementá-los. O congelamento depende de que outros países concordem em participar, disse o ministro russo da Energia em um comunicado.
"Esse é um anúncio de um congelamento da produção entre países que não tiveram aumento da produção recentemente", disse Eugen Weinberg, chefe de pesquisa de commodities do Commerzbank em Frankfurt. "Se o Irã e o Iraque não participarem do acordo, ele não vale muito - e mesmo assim resta a questão do cumprimento".
O petróleo reduziu os ganhos em Londres, depois de subir em meio à especulação de que os países discutiriam cortes de produção. O barril do tipo Brent caiu 0,2 por cento, para US$ 33,30, às 13h52 em Londres, depois de uma alta de 6,5 por cento.
Aumento de produção
O Irã, quinto maior produtor da Opep, descartou limites à sua produção de petróleo quando o grupo se reuniu em dezembro. O país planeja aumentar a produção e as exportações em 1 milhão de barris diários neste ano após a queda das sanções internacionais no mês passado. Nesta semana, o Irã despachou seu primeiro carregamento de petróleo bruto com destino à Europa em quatro anos.
O Iraque continua aumentando a produção porque está se recuperando de anos de conflito e pouco investimento. A produção do país chegou ao recorde de 4,35 milhões de barris diários em janeiro e mais aumentos podem vir, de acordo com a Agência Internacional de Energia. O país está preparado para limitar a produção nos níveis atuais, ou mesmo cortar, se outros produtores se comprometerem com o acordo de Doha, disse um assessor que pediu para não ser identificado porque a política de petróleo não é pública.
"Um congelamento não geraria uma reversão imediata, mas cria uma base melhor para a recuperação dos preços no segundo semestre", disse Olivier Jakob, diretor da empresa de consultoria Petromatrix, em uma nota dirigida a clientes.
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