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Ford quer ser como a Apple e conquistar fãs de tecnologia

Stefan Nicola e Keith Naughton

22/02/2016 12h10

(Bloomberg) - As fabricantes de automóveis estão se tornando frequentadoras assíduas das feiras de tecnologia, onde estão lançando novos modelos para atrair uma geração de consumidores que questionam a necessidade de um carro que só os transporta de um lugar a outro.

Nesta semana, no Mobile World Congress em Barcelona, a Ford Motor apresentou um novo veículo para a Europa, bem como tecnologia interna, a Volvo vai apresentar um carro sem chave e o piloto de Fórmula 1 da Mercedes-Benz, Lewis Hamilton, vai participar de um painel com o presidente da fabricante de chips Qualcomm.

Ansiosas para conquistar a geração Y, que talvez se importe mais com o último iPhone da Apple que uma nova versão de um Mustang, as montadoras estão tentando se tornar mais tecnológicas e se afastar da imagem de dobradores de metal do século 20. O giro para o setor mais jovem vem em meio a uma desaceleração na China, à concorrência da Tesla Motors - que envia atualizações automáticas de software para o centro de comando do carro - e a um boom de serviços de transporte compartilhado, como o Uber, que deixou as fabricantes de carros nervosas em relação ao crescimento e ávidas por experimentar uma nova safra de produtos e serviços digitais.

"As montadoras têm uma janela de oportunidade pequena para conquistar a geração Y", disse Richard Viereckl, analista da PwC em Frankfurt que ajudou a escrever um estudo de 2015 sobre carros conectados. "Estão nessas feiras de tecnologia para mostrar suas marcas como novidades e, com a crescente competição da Apple, da Panasonic e da Sony, estão lutando para manter a atenção de seus clientes e o acesso a eles".

Por volta de 2022, 345 milhões de automóveis em todo o mundo estarão conectados à internet, quase quatro vezes mais do que no ano passado, de acordo com a IHS Automotive. Em seis anos, 98 por cento dos carros vendidos no mundo estarão conectados, acima dos 30 por cento no ano passado, disse a consultoria. A tendência é impulsionada pela demanda dos clientes: Três em cada quatro consumidores disseram considerar os serviços de conexão nos carros uma característica importante em sua próxima compra de veículo, disseram a AT&T e a Ericsson em um relatório em outubro.

O risco para os fabricantes de automóveis é que Apple, Google e Microsoft conquistem o negócio de carros conectados com sistemas operacionais e aplicativos que as pessoas conhecem bem. Google e Apple já oferecem sistemas internos de infoentretenimento com o Apple CarPlay e o Android Auto, e a Google está na vanguarda do desenvolvimento de carros autônomos.

"Google e Apple têm tanta chance quanto qualquer um de conquistar o ecossistema automotivo", disse Kevin Curran, professor de ciência da computação da Universidade de Ulster, em Londonderry, na Irlanda do Norte. "Os carros de hoje são computadores com rodas, e as empresas de tecnologia conhecem muito bem esse campo".

"Grandes decisões"

Para afastar a ameaça, as montadoras estão prontas para tomar "grandes decisões" nos próximos 24 meses, fazendo pactos de cooperação e aumentando os gastos em pesquisa e desenvolvimento, bem como fusões e aquisições, para avançar, disse Thilo Koslowski, que dirige a parte automobilística da empresa de pesquisa Gartner. Quem não tomar essas decisões corre o risco de ficar para trás, disse ele.

A General Motors lançou seu carro elétrico Chevrolet Bolt na Consumer Electronics Show em Las Vegas, em janeiro, antes de levá-lo ao salão do automóvel de Detroit, uma semana depois. Tais decisões visam a destacar o software e as características web dos veículos, e as fabricantes de carros estão acrescentando painel com telas de toque, como o iPad, e sistemas ainda mais futuristas.

No Mobile World Congress, a Ford apresentou um novo modelo do SUV Kuga para o mercado europeu, com recursos atualizados de comunicações, entretenimento e assistência ao motorista. A empresa também delineou seus planos mais recentes para a Ford Smart Mobility, a iniciativa da empresa que abrange áreas como conectividade, veículos autônomos e grandes dados.

"Estamos deixando de ser uma empresa automotiva para sermos uma empresa automotiva e de tecnologia", disse o CEO da Ford, Mark Fields, em entrevista à Bloomberg TV no evento nesta segunda-feira. A empresa está triplicando o investimento de engenharia em tecnologias para fabricar carros mais semiautônomos, disse Fields.