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Nova Microsoft adota aprendizagem automática de máquinas

Dina Bass

22/02/2016 13h59

(Bloomberg) -- Jennifer Marsman testou recentemente um detector de mentiras, que ela mesma criou, em seu chefe na Microsoft. Você trabalha para a melhor empresa do mundo?, perguntou ela. Sim. Oops! De acordo com o software, essa provavelmente foi uma mentirinha. Será que ela vai ser promovida neste ano? Sim! Desta vez, o mais provável é que o gerente estivesse dizendo a verdade.

Não, a Microsoft não está entrando no ramo policial. Jennifer, 37, é uma "evangelista programadora chefe", cujo trabalho é criar uma consciência sobre a aprendizagem das máquinas ou aprendizagem automática - uma forma de inteligência artificial que utiliza dados para fazer projeções sobre coisas tão diversas quanto vendas trimestrais ou quando uma vaca pode emprenhar.

O detector de mentiras, improvisado a partir de algoritmos e de um headset com 14 pontas que mede as ondas cerebrais, é uma espécie de brincadeira que Jennifer usa para mostrar aos desenvolvedores de software como utilizar as ferramentas da Azure Machine Learning da Microsoft. Barulhenta e famosa por declamar referências a Harry Potter, Jennifer tem um papel fundamental para a empresa que começou cedo com a aprendizagem automática, mas que agora concorre com Google e Amazon para comercializar a tecnologia.

Há muita coisa em jogo. Nos próximos anos, a aprendizagem automática vai mudar o mundo - aumentando exponencialmente a inteligência dos computadores e ajudando as empresas a reduzirem custos, descobrirem onde investir e muitíssimo mais. Anurag Rana, analista da Bloomberg Intelligence, descreve essa tecnologia como "um dos maiores diferenciadores para empresas de software nos próximos anos". Sem essa tecnologia "você não vai conseguir vender seu produto", disse ele.

Projeções com algoritmos

Assim como Google e Amazon, que adotaram essa tecnologia para aprimorar seus produtos, a Microsoft está incorporando a aprendizagem automática a suas próprias operações. Não se trata simplesmente de ajudar a empresa a economizar dinheiro e funcionar melhor; quanto mais a própria Microsoft usar a tecnologia, mais fácil será explicá-la e vendê-la. "Os clientes estão confusos", disse Joseph Sirosh, que saiu da Amazon em 2013 e passou a supervisionar a engenharia nas iniciativas de aprendizagem automática da Microsoft. "Atravessar esse ruído tem sido um pouco desafiador. Também tem sido difícil para o nosso próprio pessoal em campo e de vendas ir conversar com os clientes e ensinar a eles todos os casos de uso".

O departamento financeiro da CEO Amy Hood passou a depender dos algoritmos - utiliza-os para ajudar a projetar as vendas e quantas licenças a empresa venderá em determinado período. "Essa tecnologia é muito precisa para esse tipo de uso", disse Sirosh. "Amy Hood é uma grande fã disso. Ela dorme mais tranquila sabendo que um modelo de aprendizagem automática projetou o trimestre dela".

A Microsoft também usa algoritmos para prever quantos servidores precisa comprar para seus centros de dados, que estão crescendo rapidamente, e para ajudar o pessoal de vendas a prever em quais clientes devem se concentrar. Até os produtos mais antigos da empresa, como o software de contabilidade que foi adquirido em 2002, estão sendo renovados com a aprendizagem automática, disse Sirosh. O Cortana Analytics Suite, da Microsoft, possibilita que os clientes desenvolvam internamente algumas dessas ferramentas.

Todos os tipos de empresas e setores já estão usando a tecnologia da Microsoft. Fazendeiros japoneses estão monitorando vacas, que andam mais quando estão em período de emprenhar, para poder inseminar o animal no momento mais adequado. Uma empresa australiana de vinhos está usando algoritmos semelhantes para prever o rendimento das uvas. Um hospital que fica a cerca de uma hora da Microsoft está usando as ferramentas Azure para tentar descobrir quais pacientes cardíacos têm maior probabilidade de serem readmitidos. A norueguesa eSmart Systems usa as ferramentas da Azure para prever o uso da rede elétrica e desligar o aquecimento doméstico quando a demanda é alta.