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Airbus precisa produzir mais jatos para década de ouro da China

Mark Ralston/AFP
Imagem: Mark Ralston/AFP

Kyunghee Park

23/02/2016 11h57

(Bloomberg) -- A Spring Airlines tem uma mensagem para a Airbus: produza mais aviões porque a China precisa deles.

"A Airbus não está produzindo rápido o suficiente", disse Stephen Wang, vice-presidente da maior empresa aérea chinesa de baixo custo, em entrevista, em Cingapura, nesta terça-feira (23). "Não há excesso de capacidade na China. Para a indústria da aviação chinesa, ainda há pelo menos 10 anos dourados pela frente, ou seja, 10 anos de grande crescimento".

A Spring Air, que encomendou 60 jatos Airbus A320neo a um preço de tabela de US$ 6,3 bilhões em dezembro, disse que quer mais aeronaves do que o pedido por causa da demanda crescente em um país que deverá se tornar o maior mercado aeroespacial e de viagens aéreas do mundo dentro de duas décadas.

Para atender a essa demanda, a Airbus já conta com uma planta de montagem final em Tianjin, perto de Pequim, e a Boeing disse no ano passado que pretende montar uma unidade de acabamento no país.

A Airbus, que produz uma média de quatro jatos A320 por mês na China, planeja uma cerimônia de inauguração em Tianjin na semana que vem para um centro de acabamento e entrega dos jatos de fuselagem larga A330.

Entregas antecipadas

A Spring Air está disposta a assumir as primeiras lacunas para entregas de aviões que se tornarem disponíveis em caso de outra empresa aérea decidir adiar ou cancelar uma encomenda existente, disse Wang. A empresa com sede em Xangai, que abriu seu capital em janeiro de 2015, espera receber 11 aviões A320 da Airbus neste ano e somar um número semelhante de aeronaves por ano à sua frota nos próximos cinco anos, disse ele.

Os comentários de Wang sobre a capacidade respaldam as declarações de executivos da Airbus, feitas na semana passada, de que a fabricante de aviões não está produzindo a um ritmo suficientemente rápido para atender às encomendas e de que a China continua impulsionando o crescimento. A China construirá 66 aeroportos até 2020 para estimular mais viagens aéreas em um momento em que está reequilibrando sua economia rumo ao gasto com consumo. A Boeing prevê que o país tomará o lugar dos EUA como maior mercado de viagens aéreas do mundo em duas décadas.

A Airbus e a Boeing receberam encomendas multibilionárias de empresas aéreas chinesas, como a China Eastern Airlines e a China Southern Airlines, maior empresa aérea da Ásia em número de passageiros, em um momento em que o crescimento econômico está ampliando a classe média do país mais populoso do mundo.

A projeção é que o tráfego aéreo de passageiros da China -- medido pelo número de viagens realizadas -- aumentará 10,7% neste ano após ter subido 11,4% em 2015, disse a Administração da Aviação Civil da China em um comunicado, em dezembro.

Demanda razoável

No que diz respeito à aviação chinesa, um crescimento de 10% a 12% é algo razoável, disse Wang.

As ações da Spring Air, que opera apenas aviões Airbus, avançaram 40% no período de 12 meses até segunda-feira. Os papéis caíam 1%, para 51,50 yuans, às 10h11 em Xangai.

A Spring Air planeja aumentar a quantidade de voos ao Japão, à Coreia do Sul e ao Sudeste Asiático para atender aos chineses ávidos por viajar, disse Wang. Atualmente, os serviços internacionais respondem por cerca de 39% do total da empresa, disse ele.

A empresa aérea está buscando também se tornar a primeira empresa aérea de baixo custo a voar a Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, disse Wang. A Spring Air apresentou um pedido à Autoridade da Aviação Civil da China, mas não espera conseguir aprovação ainda em 2016 devido às crescentes tensões depois que a Coreia do Norte realizou um teste nuclear e um lançamento de foguete de longo alcance no início deste ano, disse ele.

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