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Aposta lucrativa em bonds da Argentina perdeu atratividade

Carolina Millán e Katia Porzecanski

23/02/2016 15h04

(Bloomberg) -- Os especuladores que adquiriram bonds da Argentina nos últimos meses esperando ter um lucro rápido com a disputa do país sobre dívidas em calote poderão se decepcionar.

Credores holdout de longa data liderados pelo bilionário Paul Singer, que levou seu caso relacionado ao calote do país em 2001 à Justiça e obteve uma decisão favorável, estão à espera de pagamentos avaliados em cerca de 245 centavos de dólar com base na proposta do governo argentino, segundo a Exotix Partners, uma corretora com sede em Londres especializada em títulos ilíquidos.

Mas outros, particularmente os retardatários que adquiriram as dívidas por até 220 centavos para pegar carona nesses ganhos, deverão receber apenas uma fração disso em um possível acordo, disseram a Exotix e a Seaport Global Holdings.

"Essas pessoas adquiriram a dívida e não se somaram à ação judicial, pensando que pegariam carona e seriam capazes de conseguir o mesmo tratamento passivamente", disse Michael Roche, estrategista da corretora Seaport, de Nova York. Agora, "elas estão em uma situação difícil".

É certo que a aposta nos títulos foi bem-sucedida durante um longo período de tempo. Aqueles que compraram os bonds em dólares com calote há três anos, quando eram negociados a cerca de 20 centavos de dólar, receberiam mais de sete vezes o dinheiro investido mesmo se acabassem aceitando a oferta da Argentina, de 150 por cento do valor nominal.

As notas em calote caíram para 175 centavos de dólar desde que o país fez sua proposta, segundo os preços compilados pela Exotix. Apesar de os bonds terem recuado à medida que os especuladores responderam ao que Roche caracterizou como uma oferta "decepcionante", eles ainda sinalizam que os investidores acreditam na possibilidade de uma oferta melhor.

Decisão da Justiça

Isso parece menos provável depois que um juiz americano concordou, na sexta-feira, em cancelar a proibição para que a Argentina pague sua dívida reestruturada, uma medida que reduz a influência até mesmo dos credores mais antigos, como Singer. A decisão do juiz distrital Thomas Griesa abre caminho para que a Argentina retorne aos mercados de capitais internacionais pela primeira vez desde o calote de US$ 95 bilhões, em 2001.

Stephen Spruiell, porta-voz da Elliott, não respondeu a um e-mail em busca de comentário.

A Argentina já concordou em pagar mais de US$ 1 bilhão para acertar as contas com a EM, do bilionário Kenneth Dart, e com a Montreux Partners, em um momento em que o presidente recém-eleito Mauricio Macri cumpre as promessas de fechar acordos que atrairiam investimento e financiamento à segunda maior economia da América do Sul.

"Sempre houve uma chance de a Argentina melhorar o acordo para adicionar mais pessoas, mas isso não parece tão provável para aqueles que estão fora da ação judicial", disse o economista Stuart Culverhouse, da Exotix. "A maioria das pessoas ficou desapontada com a oferta, mas a Argentina, até o momento, tem conseguido permanecer incólume".