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Oi faz detentores de títulos perderem quase US$ 2 bi em um dia

Paula Sambo e Filipe Pacheco

26/02/2016 09h02

(Bloomberg) -- A empresa de telefonia mais endividada do Brasil acaba de custar muito dinheiro aos seus detentores de títulos.

A dívida em moeda estrangeira da Oi perdeu quase US$ 2 bilhões em valor de mercado na quinta-feira (25) depois que o bilionário russo Mikhail Fridman retirou sua proposta para ajudar a financiar uma fusão entre a Oi e a Tim, a unidade brasileira da Telecom Italia.

A Tim não quer prosseguir com as negociações, disse a LetterOne Technology, o veículo de investimento de Fridman, que acrescentou que ainda está interessada em investir no Brasil.

A retirada de Fridman encerra quatro meses de esforços para estruturação de um acordo e deixará a Oi, que tem sede no Rio de Janeiro, em dificuldades para evitar um calote, segundo analistas do Société Générale e do Barclays.

A empresa tem US$ 4,5 bilhões em dívidas por vencer no fim do ano que vem e sua alta taxa de queima de caixa dificultará a tomada de empréstimo para honrar esse pagamento, segundo Robert Jaeger, analista do Société Générale em Londres.

"O comportamento do preço está precificando corretamente e em alto nível um evento de reestruturação no curto prazo, nos próximos 12 meses", disse Jaeger. O valor de mercado dos títulos da Oi em dólares e euros caiu para US$ 6,4 bilhões na quinta-feira, contra US$ 8,4 bilhões na quarta-feira, segundo dados compilados pela agência de notícias Bloomberg.

A Oi preferiu não comentar o desempenho de seus títulos e a possibilidade de reestruturação.

A empresa disse em um comunicado ao mercado, na quinta-feira, que avaliará uma consolidação no mercado brasileiro de telecomunicações. A empresa tinha US$ 2,2 bilhões em dívidas de curto prazo e US$ 3,3 bilhões em caixa no fim do terceiro trimestre, segundo dados compilados pela Bloomberg.

No início da semana, o jornal "Folha de S.Paulo" informou que o governo está trabalhando em revisões da estrutura das concessões de telefones de linha fixa no Brasil, o que nubla a perspectiva para o cenário concorrencial daqui para a frente, segundo Eriko Miyazaki-Ross, analista de crédito do Barclays em Nova York.

"O balanço da Oi é insustentável em sua forma atual", disse Eriko. "A única avenida real aberta para eles se endireitarem era essa consolidação."

A empresa já vendeu a maior parte dos ativos não essenciais e, sem a possibilidade de uma combinação comercial com a Tim, a reestruturação se tornará cada vez mais provável nos próximos seis meses, disse Eriko. E provavelmente envolveria um forte desconto.

"Os detentores de títulos podem não ter muito poder de barganha a essa altura", disse ela.