Petroleiras precisam operar para não perder concessões
(Bloomberg) -- As grandes produtoras de petróleo começam a enfrentar a necessidade de desenvolver as prospecções offshore do Brasil. Do contrário, elas as perderão.
A Total e a BP estão começando a buscar navios-sonda, helicópteros e embarcações de apoio no mercado para os campos brasileiros de águas profundas, mesmo com o setor passando por sua pior crise em uma geração, disseram três pessoas envolvidas nos projetos.
Forçadas pela exigência de perfurar os blocos offshore que conquistaram durante uma venda recorde de US$ 1,4 bilhão em concessões em 2013 ou enfrentar multas e a perda dos direitos de exploração, algumas produtoras estão decidindo avançar, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque os planos de desenvolvimento não são públicos. Entre as concessionárias também estão a Royal Dutch Shell, que está assumindo uma licença como parte da aquisição da BG Group, e a Exxon Mobil.
A atividade contrasta com os projetos de energia que estão sendo colocados em espera da Austrália às areias betuminosas canadenses e o petróleo vale menos de um terço de quando grandes petroleiras e operadoras menores desceram no Rio de Janeiro para apresentar ofertas para licenças, incluindo blocos ao largo da costa do nordeste do Brasil. As produtoras estão apostando que os preços eventualmente terão se recuperado quando começarem a produzir, daqui a vários anos, disseram as pessoas.
"É muito difícil deixar seus compromissos porque isso fará você pagar uma multa que seria próxima ou equivalente ao custo de perfurar um poço", disse Kjetil Solbraekke, consultor da Rystad Energy no Rio de Janeiro, por telefone. "Tudo depende do quanto você gosta de sísmica", acrescentou Solbraekke, em referência ao mapeamento que as empresas petroleiras realizam quando se preparam para decidir sobre os locais de perfuração.
A ANP disse que atualmente não há pedidos das operadoras para adiar o desenvolvimento e que nenhum bloco da rodada de concessões de 2013 foi devolvido.
A Total, com sede em Paris, está procurando uma sonda para iniciar poços exploratórios na Bacia da Foz do Amazonas, uma das regiões mais procuradas durante a rodada de propostas, já no primeiro trimestre do ano que vem, disse uma das pessoas. Outras operadoras vêm negociando possíveis acordos de compartilhamento de sondas para conter as despesas de exploração, disse outra delas.
A BP disse, em resposta por e-mail, que está avançando com os planos para preencher as obrigações mínimas de trabalho dentro do cronograma fechado. A Total e a Petrobras não responderam aos pedidos de comentário. A Shell encaminhou todas as perguntas à BG, que disse por e-mail que recebeu uma extensão de 454 dias para suas licenças e que terminará a pesquisa sísmica em meados deste ano. A Exxon disse que não comenta planos de negócios futuros.
Prospecções caras
Os poços offshore podem estar entre as formas mais caras de obter petróleo. As exploradoras deverão reduzir os gastos sobre os poços em águas profundas em 20 por cento a 25 por cento em 2016, contra uma redução global de 3 por cento a 8 por cento em todos os tipos de campos, escreveram analistas do Barclays, incluindo J. David Anderson, em outubro.
A indústria do petróleo do Brasil dará as boas-vindas a qualquer aumento da atividade. O número de sondas offshore ativas caiu para 15 em janeiro, número mais baixo em uma década e aproximadamente a metade do nível de um ano atrás, segundo dados compilados pela fornecedora de serviços de petróleo Baker Hughes. Os cortes de gastos na Petrobras contribuíram para aquele que é projetado como o pior período de dois anos de recessão em mais de um século.
Os 142 blocos que aguardam o desenvolvimento foram concedidos em 2013, quando o barril de petróleo era negociado acima de US$ 100 e o Brasil não oferecia nenhuma área para exploração havia cinco anos em um mundo sedento por mais produção. De lá para cá, o petróleo chegou a cair para US$ 26,05 neste mês e o setor cortou mais de US$ 100 bilhões em investimentos e 250.000 empregos. O petróleo fechou a US$ 33,75 em Nova York na segunda-feira. As descobertas brasileiras em águas profundas precisam de preços mais elevados para funcionarem, disse Ali Moshiri, presidente de exploração e produção da Chevron na América Latina e na África, em 24 de fevereiro, na conferência IHS CERAweek, em Houston.
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