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CaixaBank negocia aquisição de participação no BPI, dizem fontes

Henrique Almeida, Manuel Baigorri e Macarena Muñoz

02/03/2016 11h16

(Bloomberg) -- O CaixaBank está negociando com a investidora angolana Isabel dos Santos a aquisição da participação dela no Banco BPI, de Portugal, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

O terceiro maior banco da Espanha e Isabel dos Santos, filha do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, poderão chegar a um acordo em relação à participação de cerca de 21% nos próximos dias, disseram duas pessoas que pediram anonimato porque o assunto é privado.

A compra forçaria o CaixaBank, que já possui 44% do banco, a apresentar uma oferta pela totalidade da empresa.

O CaixaBank está procurando ampliar sua participação no BPI após descartar, no ano passado, uma oferta de 1,1 bilhão de euros (US$ 1,2 bilhão) para compra dos 56% restantes do banco português que a empresa não possuía.

Essa participação tem um valor de mercado atual de cerca de 966 milhões de euros, segundo dados da agência de notícias Bloomberg. O conselho do BPI está tentando cancelar uma regra que restringe os direitos de voto de um único investidor a 20% porque isso poderia "condicionar" o envolvimento dos acionistas.

O CaixaBank "está entre a cruz e a espada com a participação de 44% no BPI, mantida há tempos", disse Benjie Creelan-Sandford, analista da Nomura, em nota.

"Dada a dificuldade de se desfazer da participação, uma aquisição poderia ser a melhor opção porque daria um maior controle gerencial e ofereceria a possibilidade de potenciais economias de custo".

As ações do BPI chegaram a subir 12%, para 1,199 euros, nível mais alto desde junho. As negociações em Lisboa ficarão suspensas até que seja feito um anúncio a respeito, disse a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em comunicado enviado por email.

As ações do CaixaBank subiram 1,5%, para 2,64 euros, reduzindo os prejuízos deste ano para cerca de 18%.

Nenhuma decisão final foi tomada e as negociações ainda poderão cair por terra, disseram as pessoas. Porta-vozes do BPI e do CaixaBank preferiram não comentar. Um porta-voz de Isabel dos Santos em Lisboa não estava imediatamente disponível para comentar.

Isabel dos Santos, segunda maior acionista do BPI, se opôs à oferta do CaixaBank no ano passado. A holding da investidora, a Santoro Finance, mantém uma participação de 18,% na companhia. Ela controla outros 2,3% por meio do Banco BIC, de Angola. Isabel dos Santos é a maior acionista do BIC, com uma participação de 43%.

O limite ao direito de voto do BPI também possibilitou que Isabel dos Santos, em uma assembleia de acionistas realizada no início do ano, rejeitasse um plano do BPI para separar suas operações africanas, que incluem o Banco de Fomento Angola.

A medida tinha como objetivo atender a um pedido do Banco Central Europeu, de 10 de abril, para que o BPI reduzisse sua exposição ao país africano.

"A integração do BPI no CaixaBank provavelmente resolveria o problema da exposição do BPI a Angola devido ao tamanho do CaixaBank", disse Tiago Dionisio, analista da Eaglestone Advisory em Lisboa.

Isabel dos Santos ofereceu 140 milhões de euros para a compra de uma participação adicional de 10% no Banco de Fomento Angola por meio da Unitel, empresa de telefonia celular na qual ela possui uma participação de 25%. O BPI disse em 27 de janeiro que rejeitou a oferta da Unitel. O BPI possui 50,1% do BFA e o restante pertence à Unitel.