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Singer receberá 369% do principal dos bonds argentinos em acordo

Katia Porzecanski

02/03/2016 09h58

(Bloomberg) -- Talvez a espera de 15 anos na Argentina tenha valido a pena, afinal de contas, para o bilionário gestor de hedge fund Paul Singer.

Embora alguns detalhes do acordo fechado no início desta semana continuem vagos, um deles é bastante claro: seu fundo, o Elliott Management, está prestes a receber um pagamento sobre o principal equivalente a cerca de quatro vezes o valor nominal dos títulos que possui.

A Elliott receberá US$ 2,28 bilhões, o equivalente a cerca de 369% dos US$ 617 milhões da empresa em principal, sob as condições do acordo anunciado na segunda-feira, segundo dados do Ministério da Fazenda e Finanças da Argentina.

O pedido total da Elliott, incluindo juros acumulados, totaliza US$ 3,039 bilhões, segundo dados fornecidos pelo subsecretário de Finanças da Argentina, Santiago Bausili, em um documento judicial de 29 de fevereiro. Stephen Spruiell, porta-voz da Elliott, preferiu não comentar.

Embora o retorno real de Singer não possa ser calculado sem que se saiba quanto ele pagou por seus títulos --cujos preços haviam despencado para centavos de dólar quando o país deu um calote de US$ 95 bilhões no fim de 2001--, o retorno sobre o principal por meio do acordo é de quase três vezes aquele que um investidor teria ganho se tivesse aceito os termos da reestruturação da dívida da Argentina em 2005, segundo a corretora Puente, de Buenos Aires.

Aquele swap, que Singer rejeitou, teria cerca de 118% do valor nominal na terça-feira, disse Alejo Costa, estrategista-chefe da empresa.

A reestruturação de 2005 impôs prejuízos de cerca de 70% das reivindicações dos investidores e a Argentina fez uma oferta similar em 2010. Cerca de 92% dos credores resolveram suas dívidas nessas duas reestruturações, mas Singer e outros holdouts buscaram condições melhores na Justiça dos EUA.

A Argentina concordou em pagar US$ 4,65 bilhões em dinheiro a Singer, à Bracebridge Capital e a outros dois hedge funds, um acordo que ainda exige aprovação do Congresso do país.

O montante inclui US$ 4,4 bilhões por 75% dos quase US$ 5,9 bilhões reivindicados em Nova York, além de US$ 235 milhões por reivindicações fora dessa jurisdição e parte dos gastos judiciais dos holdouts. Segundo o documento de Bausili, os US$ 5,9 bilhões são formados por cerca de US$ 1,2 bilhão de principal e US$ 4,7 bilhões em juros.

A Bracebridge, de Nancy Zimmerman --outro holdout que aceitou o acordo--, terá uma recompensa ainda melhor. Dados do Ministério da Fazenda da Argentina mostram que o hedge fund de US$ 10 bilhões com sede em Boston ganhará quase oito vezes seu principal de US$ 120 milhões quando o acordo for pago.