Argentina vê novo interesse em projetos da Vale e da Glencore
(Bloomberg) - A desregulamentação na Argentina está chamando a atenção de mineradoras internacionais, como Glencore e Vale, que tinham suspendido ou desacelerado projetos no país, de acordo com o governo.
Embora o contato esteja apenas em fase de sondagem, o novo governo do presidente Mauricio Macri já conversou com a Glencore, com sede em Baar, na Suíça, sobre o projeto de cobre El Pachón e com a Vale, com sede no Rio de Janeiro, sobre o projeto de potássio Rio Colorado, que está engavetado, disse o secretário de Mineração Daniel Meilán.
"Estamos conversando sobre esses projetos", disse ele, em uma entrevista concedida durante uma conferência de mineração em Toronto. "Estamos conversando sobre o futuro - o que nós achamos, o que elas acham. Elas demonstraram interesse".
Em seus primeiros meses no cargo, Macri eliminou os controles cambiais e de capital e também os impostos sobre a exportação introduzidos por seus antecessores, uma tentativa de aumentar o investimento. O presidente também fechou um acordo inicial para acabar com a disputa de 15 anos relativa à dívida e reinseriu o país nos mercados financeiros internacionais. Agora as autoridades estão voltando as atenções para o combate à inflação e, no setor de mineração, para a intermediação de um acordo regulatório com o governo das províncias.
Por meio de um porta-voz, a Vale preferiu não comentar, mencionando apenas as declarações feitas pelo CEO Murilo Ferreira em dezembro de que a empresa não está considerando novos projetos porque está concentrada em reduzir a dívida.
A Glencore também preferiu não comentar. Em seu site, El Pachón diz que está trabalhando para otimizar o estudo de viabilidade e programas ambientais e comunitários. O projeto de cobre e molibdênio fica na província de San Juan, perto da fronteira com o Chile.
'Altas esferas'
Para Meilán, que também chefiou a pasta de mineração no governo do ex-presidente Carlos Menem, nos anos 1990, a reação do setor às mudanças supera as expectativas.
"Isso mostra que a Argentina chamou a atenção das pessoas e afastou um pouco o fantasma", disse ele na terça-feira depois de reuniões com empresas como a Newmont Mining Corp. durante a convenção PDAC. "Se quiséssemos entrar nas altas esferas, não poderíamos ter restrições desse tipo".
Meilán reconhece que somente as mudanças regulatórias não bastarão para captar os US$ 20 bilhões necessários para desenvolver projetos durante a próxima década. Como os preços das commodities continuam em baixa, apesar da recuperação deste ano, as empresas mineradoras continuam concentradas em conter os gastos e a dívida.
A Goldcorp Inc., que possui na Argentina a mina Cerro Negro e uma participação de 37,5 por cento na Alumbrera, controlada pela Glencore, descreveu as mudanças como "um sopro de ar fresco".
Mudança de rumo
"Conversei com outras empresas que deixaram de analisar projetos em termos de fechá-los e passaram a pensar mais em termos de ampliá-los", disse Brent Bergeron, vice-presidente executivo de questões corporativas e sustentabilidade da Goldcorp, na conferência.
Em 2013, a Vale engavetou o projeto Rio Colorado, que faria com a que a Argentina se tornasse o terceiro maior exportador do nutriente para safras. Na época, a empresa culpou a inflação, as flutuações cambiais e as demandas exorbitantes das províncias para finalizar a produção planejada, a estrada de ferro e as instalações de despacho da mercadoria. A Vale disse que poderia buscar incentivos fiscais e parceiros para que o empreendimento se tornasse mais rentável.
Uma opção para o Rio Colorado, de acordo com Meilán, é começar com uma fase inicial menor.
"Estamos tentando transmitir ao mercado um sinal claro de disposição política e eficiência", disse Meilán. "Estamos tentando encorajar as grandes empresas a voltar para a Argentina".
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