Draghi garante estímulos do BCE até década de 2020
(Bloomberg) - Não se sabe se a mais recente enxurrada de estímulos de Mario Draghi vai funcionar ou não, mas o presidente do Banco Central Europeu deixou uma coisa clara na quinta-feira (10): ele não vai limpar a sujeira depois.
As taxas de juros extremamente baixas, que poderiam até pagar aos bancos para que recebam empréstimos, estão agora potencialmente fixas até depois que o italiano se aposentar em 2019. As novas medidas do BCE acabaram de consolidar políticas projetadas para tempos de crise até a próxima década.
Diante do debate global sobre se a política monetária perdeu sua eficiência e se estaria até plantando as sementes da próxima crise, o BCE emitiu uma defesa sólida do direito e do poder dos bancos centrais para impulsionar o crescimento e a inflação de acordo com sua vontade.
O melhor que pode ser dito da política fiscal da zona do euro é que ela não dificultou a recuperação, por isso Draghi sublinhou que não vai esperar pelos outros para agir.
"É difícil ver o que aconteceria com a economia da zona do euro se o BCE não estivesse lá, e é óbvio que eles poderiam fazer mais do mesmo e, depois, ainda mais do mesmo", disse Carsten Brzeski, economista-chefe do ING DiBa em Frankfurt.
"A situação poderia ser a mesma que quando Draghi assumiu o comando e reverteu o aumento da taxa de Trichet, então desfazer todas as políticas pouco convencionais e os cortes de taxa ficará nas mãos do sucessor de Draghi".
Programa de empréstimos
Os mercados podem não ter digerido a mensagem de Draghi da maneira que ele queria. O euro ia para sua semana mais forte em mais de um mês em relação ao dólar e era negociado a US$ 1,1099 à 11h48, horário de Frankfurt, nesta sexta-feira.
A moeda única caiu antes de subir novamente enquanto Draghi discursava na quinta-feira, porque seus sinais sobre o caminho futuro das taxas confundiram os investidores.
Mesmo que Draghi tenha reivindicado duas vezes desde 2014 que as taxas do BCE estão no limite inferior, sua declaração continha inicialmente o conselho de que elas poderiam cair ainda mais. Esse sinal foi então revertido pouco depois, quando ele disse que não era provável que elas realmente tenham que cair ainda mais.
O presidente anunciou cortes para todas as três taxas do BCE, o que leva a taxa de depósito para -0,4%, e uma expansão de 20 bilhões de euros (US$ 22 bilhões) da flexibilização quantitativa, que pela primeira vez abre a porta para a compra de títulos corporativos.
Além disso, ele anunciou um novo programa de empréstimo de quatro anos que potencialmente permite que os bancos sejam remunerados parar pegar dinheiro do BCE se expandirem o crédito para a economia real, com um quarteto de operações que se estende até 2021.
O arco de políticas de Draghi desafia as advertências dos conservadores em relação à política monetária, incluindo os do Bundesbank da Alemanha, desde o início do seu mandato até os mais recentes apelos do G-20 para transferir a carga da geração de crescimento da política monetária para as políticas estruturais ou mais investimentos governamentais.
Longo horizonte
"O impulsionador médio da economia e da recuperação basicamente continua a ser nossa política monetária", disse ele.
Isso deixa o BCE como garantia das condições monetárias e financeiras na zona do euro enquanto a realidade política não mudar --um papel que Draghi não estava disposto a admitir na coletiva de imprensa.
Ele também argumentou que não há nenhuma ligação mecânica entre o programa de empréstimos de 4 anos e a taxa de referência, o que significa que as taxas oficiais poderiam subir depois que o atual programa de compra de títulos do banco central acabar em 2017 - apesar de ter dito: "bem além do horizonte de nossas compras de ativos líquidos".
Mesmo assim, o BCE terá acumulado um estoque de ativos que pode levar anos para sair de seu balanço.
O pacote de quinta-feira expande o período de política monetária fácil e ajuda os bancos a planejar a longo prazo. Junto com sua incursão por novas classes de ativos mais arriscados, Draghi está mostrando que ainda tem muita munição, de acordo com Marchel Alexandrovich, economista europeu sênior da Jefferies International em Londres.
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