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A pergunta de US$ 18 bi da Pimco: o que contar como ativo novo?

John Gittelsohn

14/03/2016 13h32

(Bloomberg) -- Uma mudança na forma como a Pacific Investment Management conta os dividendos reinvestidos e os ganhos de capitais ajudou a gestora de títulos a minimizar o êxodo de clientes em cerca de US$ 18 bilhões no ano passado.

No início de 2015, a Pimco começou a contar esses pagamentos como entradas, diferentemente da forma anterior de reportar os fluxos. A mudança, adotada em um momento em que a empresa de Newport Beach, Califórnia, estava sob pressão para conter uma onda de resgates após a saída do cofundador Bill Gross, colocou em destaque uma questão controversa entre os gestores de recursos: o que contar como dinheiro novo?

Concorrentes como Vanguard Group, Fidelity Investments, DoubleLine Capital, Legg Mason e JPMorgan descontam ou excluem os pagamentos que os clientes decidem deixar nos fundos. Outras, como a BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo, e a Janus Capital Group, a nova empregadora de Gross, lançam esses reinvestimentos como fluxos líquidos.

A Pimco está sendo pressionada a reverter os saques dos clientes e reduzir as despesas após perder cerca de 30 por cento dos ativos gerenciados desde que eles atingiram o pico de US$ 2,04 trilhões em 2013.

Na semana passada, a empresa controladora da Pimco, a Allianz, nomeou Jacqueline Hunt para liderar a equipe de gestão de ativos no lugar de Jay Ralph. O presidente executivo da Allianz, Oliver Bäte, disse em fevereiro que espera que a Pimco registre entradas de recursos por volta do final do ano.

A Pimco disse que vinha estudando a mudança muito antes da saída de Gross para alinhar sua metodologia à de outras partes da Allianz, que tem sede em Munique.

"Dada a necessidade de consistência e de maior clareza, a Pimco decidiu implementar a mudança no momento mais responsável para qualquer mudança contábil -- o início do novo ano fiscal", disse o porta-voz Michael Reid, por email, em resposta a perguntas.

"É verdade que a Pimco estava sendo mais vigiada pelos investidores naquela época, mas isso tornou mais importante a consistência com o grupo Allianz em nossa abordagem".

A Pimco teve 16,6 bilhões de euros em dividendos reinvestidos e ganhos de capital no ano passado (o equivalente a cerca de US$ 18 bilhões até 31 de dezembro), disse a Allianz em uma apresentação, no dia 19 de fevereiro. Sem esse dinheiro, os 125 bilhões em saídas de capital da Pimco teriam somado 141,6 bilhões euros, ou seja, 13% a mais.

"Eu não posso falar diretamente pelas ações deles, mas um dos benefícios da mudança no relatório seria a melhoria da percepção dos investidores", disse Todd Rosenbluth, diretor de fundos negociados em bolsa e de pesquisa de fundos mútuos da S&P Global Market Intelligence, por email, em resposta a perguntas.

"Os investidores verão as entradas ou saídas como um sinal de confiança geral. Por isso, se você estava pensando em colocar dinheiro novamente no fundo Total Return, você poderia se preocupar se os demais continuassem retirando dinheiro".

Mudança na Pimco

A Allianz divulgou a mudança em notas de rodapé nas apresentações de lucros a partir do primeiro trimestre de 2015, que terminou seis meses após a saída de Gross.

A Pimco citou a mudança na divulgação em janeiro, quando disse que seu principal fundo, o Total Return, registrou em dezembro seus primeiros depósitos líquidos desde abril de 2013. A empresa pontuou que a sequência de resgates do fundo teria se prolongado por 32 meses sem o reinvestimento de dinheiro.

No ano passado, a maior parte do dinheiro foi reinvestido no quarto trimestre, quando a Total Return teve uma entrada de US$ 1,3 bilhão em dezembro, segundo a Pimco.

A agência de notícias Bloomberg e a Morningstar, que respaldam a totalidade ou a maioria dos pagamentos reinvestidos, estimaram saídas de US$ 2 bilhões e de US$ 1,6 bilhão no mês, respectivamente. As saídas líquidas reportadas foram retomadas no Total Return em janeiro e fevereiro, quando os reinvestimentos caíram, segundo a Pimco.

Incluir os reinvestimentos "é consistente com o tratamento contábil geral, que caracteriza qualquer coisa que leve à criação de novas ações como entrada de recurso", segundo Reid. "As distribuições reinvestidas refletem a escolha de um investidor para colocar esse pagamento de volta no fundo, criando, assim, novas ações".