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Investidores zombam de alerta do Goldman e elevam aposta no ouro

Megan Durisin

14/03/2016 14h20

(Bloomberg) -- Aparentemente não há quase nada capaz de deter o novo entusiasmo deste ano em relação ao ouro.

Mesmo com a recuperação das ações globais e com os sinais de uma economia americana mais robusta os investidores ainda estão comprando o metal.

Os gestores de recursos estão fazendo a maior aposta líquida em uma alta em mais de um ano e as posições em fundos respaldados pelo ouro subiram por 10 semanas seguidas, sequência mais longa desde 2012.

Tudo isto se dá em um momento em que o Goldman Sachs, o banco que previu o colapso do ouro em 2013, continua mantendo sua previsão de que os preços começarão a recuar.

O ouro caminha para o terceiro ganho mensal seguido. Enquanto os EUA têm mostrado resiliência, há um temor crescente de que as desacelerações na Europa e na Ásia possam levar a uma recessão global.

Quando anunciou mais estímulos, na semana passada, o Banco Central Europeu desencadeou oscilações nas ações da região porque o sentimento mudava entre o otimismo de que a decisão poderia estimular o crescimento para o temor de que as medidas fossem insuficientes.

O dólar atingiu seu menor valor desde outubro, aumentando a demanda por alternativas.

Alta do preço

A alta "deve durar algo mais porque não acredito que exista uma solução fácil para esta situação de crescimento lento", disse John Stephenson, CEO da Stephenson Co. Capital Management em Toronto, que supervisiona 55 milhões de dólares canadenses (US$ 42 milhões).

"O que está gerando isso é realmente apenas essa incerteza em torno da política do banco central, das taxas de juros negativas, porque elas estão realmente no coração de todo o problema que os mercados estão enfrentando no momento. Nesse tipo de ambiente o ouro parece bastante atraente".

A posição comprada dos futuros e opções do ouro deu um salto de 21%, para 148.266 contratos, na semana que terminou em 8 de março, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) divulgados três dias depois. É o nível mais alto desde fevereiro de 2015.

Os contratos futuros avançaram 1,8 por cento em março, para US$ 1.256,70 a onça em Nova York. Os preços estão em alta de 19% desde o início do ano, a caminho do maior ganho trimestral desde 1986.

Na semana passada, o BCE reduziu sua taxa básica de juros para zero e o presidente Mario Draghi disse que a cúpula do banco está disposta a fazer o que for necessário para reanimar a inflação e apoiar a recuperação da região.

Os juros menores, combinados com os temores sobre o crescimento econômico, tornam o ouro atraente como reserva de valor.

Desde o início do ano os investidores adicionaram US$ 7,7 bilhões aos fundos negociados em bolsa que monitoram metais preciosos, segundo dados compilados pela agência de notícias Bloomberg. O movimento ocorre após saídas de quase US$ 2,7 bilhões no ano passado.

Posições de ETP

As posições em ouro dos produtos negociados em bolsa (ETPs, na sigla em inglês) globais atingiram 1.738,3 toneladas até sexta-feira, mostram dados compilados pela Bloomberg. É a maior quantidade desde julho de 2014.

As posições agregadas em aberto de futuros e opções de ouro na Comex eram de 788.410 contratos até 8 de março, nível mais alto desde julho de 2013, mostram dados da CFTC.

Um grupo de analistas do Goldman, liderado por Jeffrey Currie, reiterou em um relatório na semana passada sua expectativa para a queda do metal em um momento de fortalecimento da economia dos EUA.

Os sinais de crescimento do consumo ajudariam a "dissolver os temores do mercado", disseram os analistas em uma nota de 7 de março, citando uma "meta de curto prazo" de US$ 1.100 para os preços.

O Federal Reserve deverá se reunir nesta semana e poderia fornecer mais pistas sobre a velocidade provável do aumento das taxas de juros dos EUA.

O banco central americano elevou os custos dos empréstimos em dezembro pela primeira vez em quase uma década e projetou que a política monetária se restringiria neste ano. Desde então a desaceleração da economia da China tem feito os investidores lançarem dúvidas sobre a velocidade da elevação dos juros.

Os juros mais baixos são favoráveis para o ouro, que se torna mais competitivo em relação a ativos com incidência de juros.