Jovens fogem de Vancouver em busca de cidades mais acessíveis
(Bloomberg) -- Kevin Oke tinha o emprego dos sonhos para um jovem de Vancouver. Ele trabalhava como designer-chefe de uma empresa de videogame com clientes como Atari e Ubisoft Entertainment, mas ainda assim não conseguia comprar uma casa. Por isso, acabou deixando sua cidade natal.
"O mercado imobiliário em Vancouver é uma loucura -- já era quando eu fui embora e está pior ainda agora", disse Oke, que ajudou a fundar a empresa de softwares educativos LlamaZoo Interactive depois que se mudou para Victoria, em 2014. "Se estivesse tentando trabalhar na startup em tempo integral por lá a situação ficaria realmente difícil diante de todas as despesas".
Oke, agora aos 33, contribui para o recuo dos jovens em uma cidade onde os preços dos imóveis subiram a um ritmo mais rápido até do que em São Francisco, outro polo tecnológico norte-americano.
Os custos crescentes estão colocando em risco o alardeado motor de crescimento de Vancouver em um momento em que a cidade está perdendo trabalhadores dos setores de tecnologia e novas mídias para lugares mais acessíveis como Victoria e Kelowna. A fuga dos jovens de Vancouver é uma tendência similar à encontrada em outras cidades com preços de imóveis altos.
Preços crescentes
Vancouver foi classificada em terceiro lugar entre os mercados imobiliários menos acessíveis do mundo neste ano, atrás de Sidney e Hong Kong, pela empresa de consultoria Demographia. Foi o oitavo ano seguido em que a cidade ficou entre os três primeiros lugares.
O preço de uma residência típica de Vancouver subiu 21 por cento em janeiro, para 775.300 dólares canadenses (US$ 584.290), em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo o órgão imobiliário da cidade.
O montante contrasta com um aumento de 14% em São Francisco, para uma mediana de US$ 1,1 milhão, segundo o site de dados residenciais Zillow. Os preços das residências em Vancouver subiram em parte como resultado do fato de compradores estrangeiros -- da China e de outras partes -- estarem investindo em propriedades.
Aluguéis são difíceis de conseguir e tão inacessíveis quanto. A taxa de vacância de 0,8%o é uma das mais baixas do país e o aluguel médio mensal de 937 dólares canadenses para uma suíte de solteiro está empatado em primeiro lugar com o valor praticado em Toronto, segundo a empresa Canada Mortgage and Housing Corp.
Os aluguéis de unidades recém-construídas e suítes reformadas no subsolo são mais caros.
Recuo dos jovens
Os custos imobiliários subiram e, com eles, aumentou também o número de pessoas nas casas dos 20 ou 30 anos que estão deixando a cidade.
O total líquido de pessoas com idade entre 18 e 24 anos que se somou à população de Vancouver no ano passado foi de 884, o mais baixo da história, e o número dos jovens entre 25 e 44 anos diminuiu 1.300, maior declínio desde 2007, segundo a Statistics Canada.
Isso fez com que líderes de startups, como Ryan Holmes, fundador da Hootsuite Media, com sede em Vancouver, lamentassem a perda de talento.
"A falta de acesso está despojando Vancouver de um de seus ativos mais valiosos -- jovens que cresceram e investiram na cidade", escreveu Holmes em um artigo de opinião no Financial Post, em fevereiro.
Juntamente com a região de Waterloo, em Ontário, Vancouver muitas vezes é comparada ao Vale do Silício, a São Francisco e a Seattle por sua cena startup.
A indústria tecnológica da cidade emprega mais pessoas que as de petróleo gás, silvicultura e mineração juntas, e deverá ajudar a liderar o crescimento econômico entre as cidades canadenses nos próximos quatro anos, segundo a organização Conference Board of Canada.
O prefeito Gregor Robertson criou uma agência para resolver a crise imobiliária com o objetivo de entregar 2.500 unidades de baixo custo em 2021, entre outras metas.
Esse motor do crescimento poderá evaporar se os talentos forem embora de Vancouver, disse Christine Duhaime, fundadora e diretora-executiva do Digital Finance Institute, que apoia a indústria da tecnologia financeira do Canadá.
Ela está tendo dificuldade para preencher um escritório aberto de 186 metros quadrados para startups no histórico bairro de Gastown, em Vancouver, que ela inaugurou neste ano, porque os possíveis inquilinos dizem que estão deixando a cidade a caminho de Victoria, Kelowna e lugares mais distantes como Londres e Cingapura.
"Estamos batendo nossas cabeças contra a parede", disse ela. "Por que eles não estão permanecendo? Porque está muito caro. Vancouver vai perder sua vantagem em termos de tecnologia".
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