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A TV a cabo à la carte está virando realidade - fora dos EUA

Lucas Shaw

15/03/2016 14h09

(Bloomberg) - Se você quer assistir ao Disney Channel ou ao BET nos EUA, é necessário ter um plano caro de TV paga, que inclui centenas de canais para os quais você não dá a mínima. Em outros países, a história está mudando.

Empresas de entretenimento encabeçadas pela Viacom Inc., pela 21st Century Fox Inc. e pela Walt Disney Co. estão avançando internacionalmente com ofertas on-line de tarifas de canais populares, embora os telespectadores americanos continuem presos aos serviços de TV paga da Comcast Corp. ou da DirecTV.

Depois de assistir à Netflix Inc. arrebatar uma grande fatia do público nos EUA ao oferecer programas sob demanda em todos os aparelhos, as empresas de mídia estão correndo para não ter o mesmo destino no exterior, onde as provedoras de TV paga não são tão poderosas. Trata-se de uma oportunidade para oferecer filmes e programas fora do universo habitual da TV a cabo e atrair clientes que assistem mais à programação pelo laptop ou pelo celular.

"Uma das coisas que conferiu sucesso à Netflix foi conceder aos consumidores acesso através de tablets e aparelhos semelhantes - algo que as pessoas desejavam", disse Bob Bakish, CEO da Viacom International Media Networks, em uma entrevista. "A TV paga tradicional demorou muito para fazer isso".

Diferentemente dos EUA, onde 84 por cento das casas com TV têm uma assinatura de cabo ou satélite, a penetração é menor na Ásia, na América Latina e na Europa, segundo dados da IHS e da Bloomberg Intelligence. Nesses mercados, as empresas de mídia dos EUA têm mais liberdade para atuar diretamente, sem correr o risco de enfrentar a fúria dos provedores de TV paga dominantes. Os novos serviços também poderiam servir como projetos para iniciativas semelhantes nos EUA.

Parcerias

A Viacom, com sede em Nova York, está tentando estabelecer parcerias com operadoras de telefonia móvel para oferecer canais como MTV e Nickelodeon aos usuários de smartphones, disse Bakish. A empresa também está considerando buscar clientes diretamente com redes que atualmente só existem nos EUA, como TV Land.

A Viacom não é a única. Telespectadores do Reino Unido podem assinar DisneyLife por 10 libras (US$ 14,30) por mês. A oferta exclusiva para a internet da maior empresa de entretenimento do mundo oferece filmes, programas de TV e música. No mês passado, a NBCUniversal, da Comcast Corp., começou a comercializar o Hayu, um serviço pela internet de programas de reality no Reino Unido, na Irlanda e na Austrália. Os clientes pagam entre US$ 4,50 e US$ 5,50 por mês, dependendo do país, para assistir a "Keeping Up with the Kardashians" e "Top Chef". O serviço infantil Noggin, da Viacom, está disponível on-line na América Latina.

"As pessoas estão passando muito tempo fora de casa e precisam ter conteúdos em tempo real onde quer que estejam", disse Carlos Martínez, presidente da Fox Networks Group Latin America, em uma entrevista. "Elas precisam de mobilidade e de acesso".

À la carte

A Fox não está contornando completamente as provedoras de TV paga. Martínez vende um serviço chamado Fox Play que permite que os assinantes de TV a cabo ou satélite de toda a América Latina assistam a programas de mais de uma dúzia de canais FOX sob demanda e em tempo real. O serviço é parecido com os aplicativos dos EUA conhecidos como "TV everywhere", mas tem mais flexibilidade: os clientes do Fox Play podem assistir à programação de TV em qualquer aparelho e em qualquer lugar América Latina.

No entanto, a empresa também tem uma oferta à la carte. A programação mais popular é o futebol, o esporte mais importante no Brasil, no México e na Argentina, os maiores mercados da Fox. Por isso, Martínez começou a vender neste ano uma assinatura para a Copa Libertadores, o maior campeonato da América Latina. Qualquer pessoa pode pagar a tarifa para assistir a qualquer jogo do torneio, que se estende até julho.

"Estamos fazendo uma série de negociações", disse Bakish. "Há uma oportunidade significativa para aumentar a penetração".