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Chance de corte de juro sobe no Reino Unido com possível saída da União Europeia

Fergal O'Brien e Josh Robinson

15/03/2016 17h40Atualizada em 15/03/2016 19h19

(Bloomberg) -- As chances de um corte na taxa básica de juros do Reino Unido estão aumentando. Os economistas participantes de uma pesquisa mensal da Bloomberg elevaram a probabilidade de redução da taxa de referência do Banco da Inglaterra neste ano para 23%, em relação aos 10% de um mês atrás.

A mudança ocorre após declarações de representantes do Banco da Inglaterra, inclusive do presidente Mark Carney, de que o Comitê de Política Monetária tem espaço para uma nova redução, se necessário. A próxima decisão de juros será tomada na quinta- feira, 17. Embora os economistas digam que o Reino Unido não precisa de mais estímulos no momento, o grande risco no horizonte é o plebiscito sobre a União Europeia, em junho. Uma votação pela saída do bloco poderia empurrar o Reino Unido para uma recessão e forçar o Banco da Inglaterra a reagir.

"Uma decisão pelo 'Brexit' poderia mudar o cenário e alterar o equilíbrio em favor da flexibilização, mas isto é algo que só conseguiremos avaliar apropriadamente após o plebiscito", disse Peter Dixon, economista do Commerzbank em Londres. "Enquanto o crescimento se mantiver e a inflação não der marcha à ré, não creio que o comitê de política monetária faça qualquer coisa."

Contudo, mesmo excluindo o potencial da votação sobre a saída da UE de minar a confiança, a perspectiva piorou. O Banco da Inglaterra reduziu suas projeções de crescimento em fevereiro e o setor de serviços, que responde pela maior fatia da economia, cresceu ao ritmo mais lento dos últimos três anos. A projeção é que a taxa básica de juros será mantida no menor nível histórico de 0,5% na quinta-feira, mas o integrante do comitê Gertjan Vlieghe disse que, se as perspectivas piorarem, ele consideraria votar pelo corte.

"A fraqueza mostrada pelas pesquisas recentes de atividade sugere que se discutirá um corte na taxa de juros", disse Samuel Tombs, economista da Pantheon Macroeconomics. Existe uma chance remota de que um membro vote pela flexibilização, mas eles possivelmente vão "reiterar que as taxas 'provavelmente' subirão nos próximos dois anos", disse ele.

A reunião do Banco da Inglaterra coincide com a divulgação do orçamento anual pelo chanceler do Tesouro britânico, George Osborne, programada para quarta-feira. O esforço dele para cumprir o programa fiscal -- um superávit até 2020 -- fará com que o Reino Unido enfrente um aperto ainda maior nos gastos do governo nos próximos anos. Ele disse à BBC, no domingo, que o mundo é um "lugar mais incerto".

Os participantes da pesquisa da Bloomberg -- realizada entre 4 e 11 de março -- previram uma expansão econômica do Reino Unido de 2% neste ano, contra uma projeção de 2,2% no mês passado. O prognóstico deles para 2017 continua inalterado em 2,2%.

Essas estimativas poderão mudar se os eleitores optarem por sair da União Europeia. Em uma pesquisa realizada em fevereiro, os economistas disseram que isso aumentaria a probabilidade de uma recessão no Reino Unido para 40%.

"Um aumento agudo da incerteza prejudicaria a confiança de empresários e consumidores, empurrando para baixo investimentos e gastos", disse Kallum Pickering, economista do banco Berenberg em Londres, em relatório na segunda-feira. Se o Reino Unido deixar a União Europeia, uma recessão seria possível, o desemprego subiria, o Banco da Inglaterra relaxaria a política monetária e os déficits fiscais aumentariam, disse ele.

A redução nos juros neste ano pode ser a expectativa da minoria dos economistas, mas a inflação fraca do Reino Unido também indica que um aumento provavelmente é algo distante. Os analistas adiaram o momento previsto para uma alta do quarto trimestre de 2016 para o primeiro trimestre de 2017.