Se preços do petróleo atingiram piso, teto pode não estar longe
(Bloomberg) -- O teto do mercado de petróleo pode estar mais perto do que se imagina.
Os contratos futuros do barril do tipo Brent avançaram para US$ 41. Com isso, a Agência Internacional de Energia vê "luz no fim do túnel" e o Goldman Sachs visualiza sinais de recuperação. Contudo, muitos analistas alertam que, assim como a alta fracassada do ano passado, essa retomada tropeçará quando os preços subirem o suficiente para manter a produção de petróleo dos EUA.
"Se os preços continuarem subindo, a produção de xisto dos EUA responderá rapidamente", disse Jamie Webster, vice- presidente de mercados de petróleo da IHS Energy, em entrevista à Bloomberg Television. "A queda da produção dos EUA é a principal dinâmica necessária para tornar a oferta equivalente à demanda e isso poderia não acontecer, de fato", o que significaria que os preços poderiam cair novamente.
Os futuros do Brent subiram cerca de 40 por cento em relação à menor cotação em 12 anos, de US$ 27,10, atingida em janeiro, e eram negociados a US$ 38,59 nesta tarde em Londres. Com a produção dos não integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo caminhando para a maior queda desde 1992, "os preços já podem ter atingido o piso", segundo a AIE. Contudo, os preços de referência do petróleo podem penar para ultrapassar a casa dos US$ 50 neste ano porque qualquer nova recuperação do preço apenas atrasará os cortes de produção necessários para equilibrar o mercado, segundo a estimativa mediana de uma pesquisa da Bloomberg com nove analistas.
Embora a produção de petróleo dos EUA tenha recuado 5,5 por cento desde o terceiro trimestre do ano passado, o processo de esgotamento de estoques inchados está apenas começando, segundo o Goldman Sachs. O banco, que previu a queda do petróleo para a casa dos US$ 20, prevê que os preços ainda precisarão permanecer baixos o suficiente para privar as produtoras de capital, caso contrário as perdas de produção necessárias para remover a oferta excedente não ocorrerão.
"Uma alta precoce dos preços antes da concretização de um déficit seria autodestrutiva", afirmou Jeffrey Currie, chefe de pesquisa de commodities do Goldman Sachs em Nova York, em relatório publicado no dia 11 de março.
A recuperação "poderia jogar uma boia de salvação para as produtoras dos EUA" que iria "limitar os declínios da produção de petróleo", disse Giovanni Staunovo, analista do UBS Group em Zurique.
Preço sustentável
O argumento de que o preço de US$ 50 representa um teto é falho, segundo a Sanford C Bernstein & Co., que vê os preços retornando para US$ 70 no ano que vem. O setor não consegue permanecer lucrativo nos níveis de preço atuais e perdeu US$ 3 por barril produzido no ano passado, mesmo após cortes de custos nas empresas, disse a Sanford.
"O preço do petróleo precisa subir para equilibrar o mercado no médio prazo e esse médio prazo pode chegar mais cedo do que se pensa", afirmaram analistas, incluindo Bob Brackett, de Nova York, em um relatório.
A alta da cotação poderia vacilar antes de sequer chegar ao ponto de reanimar a produção dos EUA, segundo Staunovo, do UBS. O suporte temporário ao preço gerado por problemas nos oleodutos do Iraque diminuirá, enquanto as negociações entre a Opep e os países de fora da organização a respeito de um congelamento da oferta geram pouco impacto, disse ele. O Irã insiste que não aceitará nenhum congelamento enquanto não restaurar cerca de 1 milhão de barris em exportações agora que as sanções foram eliminadas, disse o ministro de Energia da Rússia, Alexander Novak, na segunda-feira após uma reunião em Teerã.
A tendência dos preços neste ano é similar à do ano passado, disse Webster, da IHS. O petróleo do tipo West Texas Intermediate subiu 40 por cento em relação ao fim de março de 2015 por causa da queda na exploração nos EUA, mas estagnou perto de US$ 61 no terceiro trimestre porque a produção americana continuou avançando. O barril de referência no mercado dos EUA acabou caindo para perto de US$ 40 em agosto.
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